POESÓ

TUDO PODE VIRAR PÓ
OU
POEMA





















terça-feira, 30 de abril de 2019

HAICAIMIKAZES

Noites em insonias
jamais me abandones
sejas sempre sonhos


Beijos úmidos
orvalhos escorrendo
janelas d!alma


Luzes da ribalta
Estrelas se exaltam
e do céu se saltam


Voo de namorados
kamikases do amor
paixão sem asas


Casal casual
imita o sonho Chagal
faz promenade

01 Por que voce faz cinema? - Adriana Calcanhotto

A Fábrica do Poema

A Fábrica do Poema
Adriana Calcanhotto
Composição: Adriana Calcanhotto / Waly Salomão
Sonho o poema de arquitetura ideal
Cuja própria nata de cimento
Encaixa palavra por palavra, tornei-me perito em extrair
Faíscas das britas e leite das pedras.
Acordo;
E o poema todo se esfarrapa, fiapo por fiapo.
Acordo;
O prédio, pedra e cal, esvoaça
Como um leve papel solto à mercê do vento e evola-se,
Cinza de um corpo esvaído de qualquer sentido
Acordo, e o poema-miragem se desfaz
Desconstruído como se nunca houvera sido.
Acordo! os olhos chumbados pelo mingau das almas
E os ouvidos moucos,
Assim é que saio dos sucessivos sonos:
Vão-se os anéis de fumo de ópio
E ficam-me os dedos estarrecidos.
Metonímias, aliterações, metáforas, oxímoros
Sumidos no sorvedouro.
Não deve adiantar grande coisa permanecer à espreita
No topo fantasma da torre de vigia
Nem a simulação de se afundar no sono.
Nem dormir deveras.
Pois a questão-chave é:
Sob que máscara retornará o recalcado?

Ei-la

Ei-la
 
em uma das suas múltiplas faces
num ambiente noir
propício a quem procura
sempre encontrar
um motivo um sonho
para se inspirar
Ei-la

em luzes e sombras
na penumbra
que deslumbra
e faz ancorar
todo o tesouro de um tempo
que logrou esperar
o melhor momento para se revelar
com todas as nuances
que um romance
merece ostentar
Ei la

com toda a sua natural beleza
a sua face marcante
entre a corrente
que não deixa escapulir os meus versos
e o tomara que caía
que em fascínio desmaia
sobre a sua pele brilhante
e doura o meu poema
nada hesitante
em descrever os seus encantos

Carlos Roberto GUtierrez

Saramago

Um dos mais conhecidos escritores portugueses – e ganhador do Prêmio Nobel -, José Saramago  deixou um enorme legado de obras. Confira um pouquinho de sua produção:
A Biblioteca Nacional de Portugal disponibiliza trechos de alguns de seus manuscritos. Acesse.
Leia aqui, o último artigo assinado por Saramago para o periódico espanhol El País.
No twitter, encontramos o livro “As Intermitências da Morte”. Baixe aqui.






segunda-feira, 29 de abril de 2019

Como eu vejo a vida

como eu vejo a vida
com os olhos carentes
sobressalentes
em lentes embaçadas ou nítidas
saturação de imagens
paisagens e fatos retidos na memória
coisas que eu não quero ver no presente
e finjo fechar os olhos
um futuro cego que me apavora
mesmo assim
algo dentro de mim implora
vá em frente!
com essas lentes
e possíveis bengalas
lentes do amor
lentes riscadas
lentes quebradas
lentes espelhos
que refletem os segredos
de nossos medos
alarmes
pisca-piscas
a vida é um flerte
ou um blefe
Carlos Roberto Gutierrez

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sexta-feira, 26 de abril de 2019

quinta-feira, 25 de abril de 2019

FOTOPOEMA

relevos
enlevos
novelo

ilustração
Mah Raymond*

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John Pizzarelli Quartet - Jazz San Javier 2013

CONVERSE

CONVERSE
NÃO DESCONVERSE
CONVERTA AS PALAVRAS
EM VERSOS
MOSTRA A SUA CARA
DOBRE A BARRA
DEIXA QUE UMA FRASE
MESMO DESCONEXA
ESCORRA SOBRE OS SEUS PÉS
E TRACE UM NOVO CAMINHO
E NÃO SOFRA O REVÉS
DE UM ESPINHO OU PEDRA QUALQUER
CONVERSE
CONVERTE
CONVICTO
DESATE OS CADARÇOS
FOLGUE A LÍNGUA
NÃO FIQUE À MÍNGUA
META AS MÃOS PELOS PÉS
PALMILHA OS SEUS SONHOS
CONVERSE
CONSIGO MESMO
PELO CAMINHO
OU NO ABANDONO

Carlos Roberto Gutierrez 

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Biscate - Café da Tarde - Demetrius Lulo e Paula Mirhan na Paulicéia Car...

FOTOPOEMA

assim tão natural 

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FOTOPOEMA

Para não perder a foto
para não perder o foco
para não tremer os dedos
e revelar todos os segredos da imagem
da moldura da janela
do conteúdo da paisagem
para não perder a viagem
dentro dos olhos surpresos
para não queimar o filme
para nao queimar as pestanas
para manter suspensas
as pálpebras das persianas
para encontrar a luz propícia
e o ângulo mais favorável
para não degolar as sombras
e estrangular o ambiente
e o cenário imaginário
agarro as minhas câmeras
a íntima e a do maquinário
assim posso me projetar
e me proteger em ambos os lados
estar fora e estar dentro ao mesmo tempo
ser o flash e a flecha
os créditos e o happy end

Carlos Roberto Gutierrez 

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Não desmanche

Não desmanche o nosso romance
não o deixe fora de alcance
lance um olhar de um passado recente
olhe com carinho mais uma vez ele de frente
não desmanche ...não desmanche...
não o deixe que ele se torne uma avalanche
e se desmorone por si mesmo
um romance com todas as nuances
num mosaico de sentimentos
não merece ser desfeito em deserto
areias que se dispersam
sob os ventos desfavoráveis
num tempo inconstante
Não desmanche o nosso romance
guarde bem as sementes da romã
para suprir os desejos da maçã

Carlos Roberto Gutierrez

Vestido

VESTIDO
Não importa o modelo
não importa o tecido
algodão cambraia
linho brim ou seda
ou mesmo um que imite pétala
um vestido preserva
o mistério do corpo feminino
e libera os seus movimentos
um vestido curto ou comprido
justo ou esvoaçante
complementa a pele
se condiciona ao clima
e debaixo para cima
ou vice versa
rebate com estilo
o arremesso do olhar masculino
um vestido
se faz flor numa mulher
e se for violeta tem a vantagem
de trazer o feminino mistério
a orquídea em carne e osso
Carlos Roberto Gutierrez

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Kaverna

quarta-feira, 24 de abril de 2019

CONFO(R)ME

ALIMENTO
A MINHA VIDA
COM O QUE EU TENHO
E NÃO TENHO
ESFOMEADO
OU EMPATURRADO
SIGO RÁPIDO
OU ARRASTADO
CONFORME OS SUPRIMENTOS
DISFORME EM SOFRIMENTOS
ATARANTADO
OU DESCONSOLADO
HAJA ENERGIA
PARA ENFRENTAR
O CORRE CORRE DO DIA
E O MORRE MORRE DA NOITE
ALIMENTO OS MEUS SONHOS
NÃO DISPENSO O SEU COMPLEMENTO
AFINAL VOCÊ É A BULA
QUE BURLA A MINHA DOENÇA
NÃO DISPENSO O SEU GLOSSÁRIO
O SEU DICIONÁRIO
PARA SACAR O QUE EU AINDA NÃO SEI
ALIMENTO
O MEU TEMPO
COM O QUE EU TENHO
E NÃO TENHO
DESLEIXADO
OU OBCECADO
SIGO SÓ
OU COM TODOS EUS
PURO E INOCENTE
OU COM TODO DS OS PECADOS
FORA DA LEI
ALIMENTO A MINHA VIDA
INTOCÁVEL OU GANGSTER
ABSTÊMIA OU EXAGERADA
TROCANDO TUDO POR NADA
NÃO TENHO MAIS O QUE PERDER

Carlos Roberto Gutierrez 

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terça-feira, 23 de abril de 2019

Eu escolho meus amigos pela pupila

Lirismo

Lirismo que se propaga
em cada traço da sua face
em cada bordado pétala
do seu traje amarelo
tão sincero quanto o canto
e a plumagem de um canário
em estado pássaro
Lirismo
que salta e envolve dos seus olhos meigos
e se projetam em versos
...tudo se costura se harmoniza
em cada linha dos seus cabelos negros
nas pérolas que compõem o seu sorriso
em sua pele sépia que supera
a seda do seu traje jardim íntimo.
Lirismo que atravessa as persianas
e se injeta no recorte
da grama ao lado da janela
Lirismo em seus traços
em seu nome
que prepara mais surpresas


Carlos Roberto Gutierrez

O que é a Literatura?, de Jean-Paul Sartre

O que é a Literatura?, de Jean-Paul Sartre: Por Rafael Kafka Edição brasileira de O que é a Literatura?  de Jean-Paul Sartre. Traduzida e publicada em 1993 pela Editora Ática,...

Cortázar forasteiro

Cortázar forasteiro: Por Andrés Neuman Desconhecido íntimo Por seu impacto iniciático, normalmente se repete que Cortázar é uma descoberta de adole...

Hilda Hilst e não outra

Hilda Hilst e não outra: Por Pedro Fernandes Há pelo menos duas direções comuns às narrativas quando o assunto é a biografia de um artista. Uma dela...

Elis Regina - "Cais" - Ensaio - MPB Especial

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Sei sem lei

Sei que o barco segue... contra ou a favor da corrente mas me deixo levar gosto de transgredir me aventurar pequenos delitos sensíveis atritos conflitos que podem ser administrados e esqueço que eu nem sei nadar apenas contemplar o imenso mar a areia movediça a terra prometida o mistério de outro lugar sei que o barco segue abarrotado de expectativas ou solitário sem rumos e remos mas me deixo levar gosto de transgredir me aventurar mudar as posturas virar a cadeira mudar a mesa virar o abajur mudar a luz inverter os ambientes trocar o céu pelo mar e embarcar todo os os pensamentos e falhas da memória

quinta-feira, 18 de abril de 2019

Relaxe

relaxe
não ache
que esteja
tudo perdido
de repente
uma flor
desabrocha
no jardim dos seus sentidos
uma margarida
só de bem me quer
uma rosa
que perfuma
um dedo de prosa
e faz de cada pétala
um verso
para compor uma poesia
um cravo
que deseja ser sempre escravo
de uma paixão
relaxe
em silencio
ou na profusão
de sons
relaxe
relax
não seja
epoxi
nem durex
seja
solvente
salve
o seu corpo
e a sua mente

Carlos Roberto Gutierrez
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Olha a Vida

OLHA A VIDA!
PASSOU
EM BRANCAS NUVENS
OU EM CINZAS TEMPORAIS
EM LILAZES MISTÉRIOS
EM ROXOS HEMATOMAS
EM AMARELOS GIRASSÓIS
OU TRIGAIS
EM VERMELHOS ESPANTOS
E POLIDAS MAÇÃS DO AMOR
EM SANGUE E GROSELHA
EM RUBROS RUBORES
EM AZUIS REDENTORES
EM VERDES ESPERANÇAS
EM MUSGOS RESMUNGOS
EM FUGAS E FUNGOS
EM MARRON OCRE TERRA
E TENRA AVELÃ
EM NEGRAS NOITES
EM ÓLEOS QUEIMADOS
EM CARBONO ABANDONO
OLHA A VIDA!
PASSOU
COMO UM FILME EM CORES
TECHINOCOLOR
COMO UMA FÁBULA
CONTOS DE FADAS
E COMO UM FILME NOIR
BRANCO E NEGRO ENIGMA
OU IMAGENS DE TERROR
OLHA A VIDA!
PASSOU
SERÁ QUE ELA REVIDA
OU APENAS SOBREVIVA
NO PORÃO DA MEMÓRIA?

Carlos Roberto Gutierrez

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quarta-feira, 17 de abril de 2019

Não Fui Eu

Sou mais átomo 
do que molécula
mais fécula do que massa 
mais ázimo que fermento
mas não fui eu
que você escolheu
não fui eu
nem o que planejava ser
não seguramente não fui eu
quem lhe prometeu
mundos e fundos
musgos e fungos
nem sequer cogite
não hesite em reconhecer
que não fui eu
o seu desvio
o seu curto pavio
a sua sedução
a sua ilusão
o seu desvario
não fui eu
aquilo aquilo que você quer ser só seu
não fui eu
o seus deus inabalável
a sua fé cafuné espiritual
nem o seu duvidar ateu
o seu olhar bondoso
o seu olhar piegas
o seu olhar cruel
o seu céu
o seu inferno
quem pichou o seu muro
no momento mais escuro
quem grafitou o tapume
num lampejo puro lume
não fui eu
nem o susto que lhe acometeu
nem o arbusto que lhe escondeu
não fui eu
que apareceu em seu silêncio
e se perdeu em seu grito ...
Não fui eu
quem foi então
não fui eu
quem poderia ter sido
entre a pele e o tecido
que reveste o seu coração?
não fui eu
quem lhe deu a a opção
tão pouco quem lhe ofereceu
a chave da arca do tesouro
ou o molho da perdição
não fui eu
ora bolas
bolhas de sabão
e tudo se evapora
um dia foge a memória
vem outra estória
outra fábula
outra balela
em qualquer folhetim
mas não pense que quem escreveu fui eu
não sou eu
foram vândalos versos
quem o cometeu
não rimo
não arrumo
namoro alguma palavra
flerto vogais e distantes consoantes
me despeço
me disperso
me desperdiço
me acho
mais ferro do que aço
mais ferrugem do que brilho
me aventuro
mas não fui eu
que sujou o seu muro
e se infiltrou em suas paredes....

Carlos Roberto Gutierrez 



Não sendo enunciada por ninguém em particular, a frase pertence a qualquer um. A sensação de que <i>Não fui eu</i> fala de nós é uma confirmação de que, dado o alheamento geral, o melhor é jogar a toalha e cuidar da própria vida

terça-feira, 16 de abril de 2019

Vitrolinha

PODE CHAMAR DE VITROLINHA
DE GRAMOPHONE
CONSERVANDO O PH
OU DE CÂMPULA SONORA
ELA AINDA TOCA
REVERBERA
É SÓ ACIONAR A MANIVELA
QUE OS SONS SE AGLOMERAM
E SE LIBERAM ENTRE AS FLORES
QUE A TORNAM AINDA MAIS BELA
VOCÊ PODE CHAMAR DE VITROLINHA
DE JUNK BOX RETRÔ PSICODÉLICO
ELA SEMPRE SERÁ A QUERIDINHA
DO SEU AMBIENTE
QUE MUDA TODA A ATMOSFERA

Carlos Roberto Gutierrez

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Tem Talher Dando Sopa

mprovisa
na cozinha
tem talher dando sopa
para uma substanciosa canja musical
tem talheres a dar com pau
de madeira ou de metal
para se juntar com os pratos e copos
de plástico ou cristal
opa tem talher dando sopa
tem faca que corta e tritura
ah tem também garfos safos
que se contorcem para acompanhar o ritmo
das xícaras que tilintam
e derrubam a tinta do café
tem as colheres que lembram siluetas de mulheres
e devem ser sutilmente tocadas
improvisa na cozinha
panelas e frigideiras servem para a bateria
abra a torneira da pia
deixa pingar para imitar um vibrafone
tem talher dando sopa
pode tomar assoprar sem vergonha
os sons só vão enriquecer a melodia

Carlos Roberto Gutierrez

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Mad Men

Mad Men é uma série diferente das que estamos acostumados a assistir semanalmente. Nas suas primeiras 4 temporadas ganhou o Emmy de melhor série da TV americana, mas mesmo assim muita gente que assiste somente a um episódio pergunta como Mad Men pode ganhar tantos prêmios.
Mad Men
Mad Men tem um ritmo diferente, é exibida num canal de TV a cabo, AMC, e tem somente 13 episódios por temporada. A direção, o roteiro, o design da série trabalham para que nós sejamos introduzidos na série, como se fizéssemos parte daquela mundo, como se estivéssemos vivendo na mesma época em que os personagens. Esse ritmo as vezes parece lento, principalmente na primeira temporada, mas afirmo, se conseguir assistir a primeira temporada e seguir adiante, não irá se arrepender.
O drama que Mad Men apresenta aos telespectadores é também diferente de outras séries. Somos afligidos por questões morais, racistas, feministas e trabalhistas que não fazem mais parte da nossa vida, e que aos nossos olhos parece tão absurdo e causam indignação. Não que outras séries não falem sobre o assunto, mas em Mad Men é como se vivêssemos essa experiência, os assuntos não são debatidos, são experimentados e não tem medo de mostrar cenas fortes, que nos fazem ficar com o estômago embrulhado ao final do episódio.
A série se passa em New York nos anos 50/60, focada em uma agência de publicidade, então já podem imaginar muitas coisas que são mostradas em Mad Men. As mulheres começando a conquistar seu espaço no mundo dos negócios, tendo que lidar com piadas machistas e mostrar muito trabalho para conseguir uma pequena porcentagem do que os homens conseguem (falamos um pouco sobre as principais mulheresnesse post). As profissões que os homens da série/época consideram que as mulheres devem exercer são aquelas que eles julgam não dignas para um homem, como professora infantil, secretaria… As modelos e atrizes são objeto de desejo, mas não profissões para suas filhas e esposas.
Apesar do personagem principal da série ser o Don Draper (Jon Hamm), que guarda (ou tenta guardar) um grande segredo sobre o seu passado, ao longo das temporadas o foco muda para o núcleo feminino de Mad Men. É fácil ver a história se desenvolver nos dilemas da vida de três mulheres com objetivos e vidas diferentes na série: JoanPeggy e Betty (e na quinta temporada, Megan).
Com 5 temporadas já exibidas, a série mostra o crescimento dos personagens num trabalho muito bom de ambientação temporal. Uma das personagens principais, Peggy Olson (Elisabeth Moss), consegue ao longo da série ganhar promoções em seu trabalho, mas não sem passar por assédios e muitas dificuldades. Mesmo que ela seja a pessoa mais criativa da agência, atrás somente de Don Draper nos seus melhores tempos, tem que lutar muito para provar seu valor como redatora. Joan(Christina Hendricks) também luta do seu jeito para conseguir o que quer. Sabe que o sexo e o corpo é a forma que ela tem de dominar os homens que não a valorizam por seu trabalho. Betty (January Jones) por sua vez largou o trabalho para criar uma família, num casamento que a deixa infeliz, mas é sempre preocupada com as aparências.
Mas a série não fala só sobre mulheres, Mad Men aborda muito o assunto pela época em que se passa, com os homens sem saber como reagir à independência feminina do pós guerra, mas vemos grandes acontecimentos mundiais impactarem a história da série, o auge dos Beatles, a crise dos mísseis cubanos, a morte de um presidente, da Marilyn Monroe, do papa… Estes assuntos interferem muito na história, no trabalho dentro da agência, em como as propagandas são criadas, na vida dentro das casas dos personagens.
Bebida, cigarro, carros, sexo também são abordados na série. Tem quem não consiga trabalhar sem um whisky, não consiga ter um casamento sem traição. Esse tema está presente em cada episódio, principalmente quando mostram o núcleo masculino da série, com suas brincadeiras inapropriadas e machismo exagerado.
Mad Men é construída de tal forma que nós nos importamos com os personagens, amando ou odiando-os. Pete Campbell (Vincent Kartheiser) consegue ser asqueroso com as mulheres, insuportavelmente ambicioso, tanto que ficamos felizes quando ele apanha da vida, mas consegue nos enternecer em alguns momentos.
Roger Sterling (John Slattery) é mulherengo e parece não trabalhar hora nenhuma, mas nos diverte em todos os episódios com sua loucura e frases sempre bem humoradas ou quando decide experimentar LSD.  Bertram Cooper (Robert Morse) e suas manias de velho, acaba sendo desafiado muitas vezes na série.
Temos muitos personagens, todos são bens construídos e nada na série é sem importância. Mad Men tem uma impecável escolha de figurino que atua junto com os atores, as músicas são bem escolhidas (assunto para um próximo post em breve), o roteiro é muito bom. Cada episódio tem falas marcantes que resumem bem a história do dia.
Mas quero finalmente destacar uma personagem que para mim resume a série, interpretada talvez pela melhor atriz do elenco, que está vivendo um momento de descoberta, de transição na vida, está crescendo e deixando a inocência de lado: Sally Draper da jovem atriz Kiernan Shipka. Impossível não amar essa garota, que sempre rouba a cena em Mad Men. Sally é filha de Don e Betty, crescendo num mundo diferente do que a mãe cresceu e vive, ela tem que se descobrir e descobrir a vida de uma maneira própria e muitas vezes sozinha. É má interpretada pela mãe em suas ações, mas é sempre muito mais autêntica do que qualquer adulto da série. Temos grandes expectativas para o futuro da personagem.
Mad Men é isso, uma série com premissa simples e atuação profunda e envolvente, drama dos anos 50 que retrata bem as mudanças que ocorreram na nossa sociedade, como as pessoas reagiram a grandes e pequenos eventos, e mostra principalmente como as pessoas evoluiram e evoluem. Se na maioria dos episódios ficamos amargurados e tocados, ao analisar a série como um todo podemos ter um pouco de esperança de uma vida melhor, que mesmo a passos pequenos conseguimos superar alguns preconceitos, mesmo com tantos ainda a serem transpostos.
Mad Men vale cada minuto.

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Luz

entre os arcos
entre os marcos de ferro
e as suas sinuosidades
alguém espera
debruçado
sobre o gradil rendilhado
um trem
um alguém
ou apenas o tempo passar
alguém espera
ao lado de uma célere placa
que enfatiza ser luz
o tempo brilhar
sob as colunas
que sustentam
o teto sempre surpreendente
alguém supera
a ansiedade da espera
e ouve
ainda que longe
a locomotiva
apitar

Carlos Roberto Gutierrez 

foto Nelson de Souza 

A imagem pode conter: atividades ao ar livre

sexta-feira, 12 de abril de 2019

Xícara

uma xícara
para o chá
para o café
para o remédio 
para o tédio
com asa
Ícaro
sem asas
púcaro
de plastico
de vidro
de preferência
de porcelana
uma xícara
sobre a mesa
ilesa
ou suspensa ...

Carlos Roberto Gutierrez
poema e desenho

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Café e Livros


EU PRECISO DE MAIS TEMPO
PARA LER E RELER TUDO QUE PRECISO
PROCURO ALGUÉM OU ALGO 
PARA COMPACTUAR COMIGO
QUE TENHA AFINIDADES
QUE SE DESMANCHE
COMO AÇÚCAR MASCAVO
EM MEU CAFÉ AMARGO
QUE TROQUE OS OLHOS
E AS LENTES DOS ÓCULOS
QUE MISTURE O SEU PERFUME
QUE SEJA O MEU LIVRO
E PERDOE A MANCHA DO CAFÉ ESCORRIDO
CAFÉ E LIVROS
PARA APRECIAR TODA A MADRUGADA
PARA JUNTAR LETRAS E ESTRELAS
CAFÉ COM ORVALHOS

A imagem pode conter: xícara de café

Café Expresso

CAFÉ EXPRESSO
Ah! basta um café expresso
para ativar o meu cérebro
e todos os meus sentidos
primeiro o aroma tão peculiar
que toma conta de todo o ambiente
e atiça o olfato e o paladar
ao mesmo tempo que a visão
quando mergulha na espessa espuma
e a audição desperta no tilintar das xícaras
Ah! que bom poder provar mais uma vez
um café expresso que nos leva ao passado e ao futuro
porque o presente a gente nem vê
quando a magnífica rubiácea ultrapassa
as nossas línguas gargantas e faringes
e mescla todos os sentidos
Ah! basta um café expresso
para manter desperto
e enfrentar qualquer pesadelo
e na borra no fundo da xícara
encontrar nesses vestígios
um sonho quiçá destino talvez
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quinta-feira, 11 de abril de 2019

Despojar

despojar
a esponja da lisonja
absorve
o momento
suja limpa
suga a sujeira
emergente
detergente
bolhas de sabão
sapólios e espólios
esfoliantes
entre pratos rasos e fundos
copos que abraçam taças
talheres traiçoeiros
despojar
soltar a gravata
ser o que arrebata
a queda que desola
e que conforta
que importa
todo o cerimonial
trocar o smoking
por um avental
e ser ainda diva
ainda ser a tal


Carlos Roberto Gutierrez
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