Sublime semblante
cerradas peles pálpebras persianas
todo o reflexivo resguardar
o olhar
para dentro
ventre dos pensamentos
decifrar o tempo
inflar memórias
soprar o vento presente
soltar o futuro
qual um clandestino balão no céu
sonho seu sonho
encontrar um guardanapo de papel
absorvente de
vida breve
que esfarela ao contato dos lábios
e o aproximar marfim dos
dentes
ou de um trapo que guarda bordadas
memórias
e lhe escrever de rompante o que ainda é ébrio
e que pode ser
poeticamente bêbado alucinante
solúvel nos olhos de Toulose Lautrec
na cortiça da rolha preservar o sangue do vinho
e apurar o desejo da
jarra
o jorro a fonte íntima
o espocar das horas
o borbulhar frisante
que se infiltra
entre as velas pálidas e amarelas da taberna rósea
caverna
no processo de um poema
nos versos instantâneos
na
areia semântica
na face cujo reverso é tão sublime quanto antes
no poema
presente POEPREMENTE
no verso puro futuro sem memórias
Carlos Gutierrez
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