POESÓ

TUDO PODE VIRAR PÓ
OU
POEMA





















sábado, 9 de fevereiro de 2013

Fútil Máscara

CARNAVAL
E TODA ESSA FALSA ALEGRIA
ESSA FÚTIL MÁSCARA
ESSA PESADA FANTASIA
ESSE TÉDIO SEM REMÉDIO
ESSA VIDA REMENDADA
PREFIRO O ANDARILHO
AO PASSISTA

Carlos Gutierrez


Excesso de permissividade resulta em tédio. O carnaval, com sua imposição publicitária e autoritária de felicidade e alegria, me enche os pacovás. Qual a razão de quatro dias ininterruptos de dança exasperada, furunfação explícita e desenfreada e celebração embatucada e vulgar da vida, se tudo isto se dá de maneira cotidiana atualmente? Na infância, a chegada da quarta feira de cinzas sempre me soava como libertação da ditadura do contentamento estéril carnavalesco e como uma abertura à luxúria subversiva da quaresma. Culpa e redenção são afrodisíacos que elevam a volúpia da transgressão por caminhos tortuosos. Hoje, nem isto. Saudade dos tempos da inquisição, quando o pecado era uma diversão diabolicamente metafísica, que transcendia a carne e o espírito e cheirava a enxofre libidinoso. Atualmente, prefiro queimar na fogueira do moralismo amoroso como mártir enjoadinho que viver na bacia morna e modorrenta do capeta, que, por sua vez, vive na felicidade midiática e estéril.
por Adrilles Jorge

Imagem: Arlequim com copo, "Lapin Agile", Picasso, 1905

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