POESÓ

TUDO PODE VIRAR PÓ
OU
POEMA





















quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

ESCADARIA

poematização de um conto-roteiro de Joca Reiners Terron

ILUSTRAÇÃO DE LUCIANO SCHIMITZ


Aqui começa a viagem para cima
Aqui começa a viagem para baixo
o flutuar no céu
o acomodar-se no subterrâneo
no coração de um buraco

Escadas não são apenas escadas
escalas para cima ou para baixo
escadas são verticais estradas
passagens para outras dimensões
Escadas não são apenas estratagemas
de ferro alumínio ou madeira
para subir ou descer
elevar ou cair
são também para transcender
num espaço limitado

Ajoelho-me diante de uma escada
e aproximo o ouvido do primeiro degrau
ouço passos
pode ser o lugar ideal até para um encontro de amor
Suave aproximação
e entre o intervalo de um degrau a outro
no vazio no som oco
ou no concreto no som indiscreto
posso encontrar oo conforto de um doce acolher

Piso numa escada e de repente
me vejo em outro plano
Posso despencar ao chão
atraído por tanta beleza
como um displicente colorido balão
Sentir a aspereza do solo
e mesmo assim ter a sensação
de resvalar no manto anil do céu
e deixo me engolir pelo doce algodão
de uma nuvem passageira

Antigos incas
acreditavam que escadas
eram os únicos meios
de se atingir o plano divino
mas não imaginavam
que o Deus que eles acreditavam
poderia descer pelo mesmo caminho
e colidir com eles
A escada é o ínicio e o fim 
[Image] Alguém sempre se acidenta
mas também se levanta
e espanta todas as lembranças da queda
Românticas fraturas
Escadas causam vertigens
mas provocam também atos de coragem
deixam vestígios colados
de uma fantasia de Homem Aranha
em ambos os seus lados
nos corrimões
que seguram receios
e deixam escorregar impetuosidades
A cada passo acima
eu sei que você se torna mais transparente
envolvente como uma nuvem
e reluzente mais do que a mais brilhante estrela
e só agora percebo
a ferida em meu joelho direito
[Image]
Estava mais fascinado com a flor
que você jogou sobre o meu peito
Lembro! veio dos seus lindos olhos
passou pelos seus lábios
e poliu todas as suas pétalas em seu sorriso

A ferida e a flor 
ambas tinham a forma de escada
simétricas ou helicodais
tinham rotas definidas
e inesperadas paisagens

A cada passo abaixo 
o tom de sua pele se intensifica
como um porto seguro repleto de faróis

O monumento de pedra mais antigo do mundo
é a pirâmide de degraus do Rei Zôster
em Saqqara no Egito
2665 anos antes de Cristo
Reza a lenda que o arquiteto Imhotip
desapareceu sem deixar pistas
é sempre assim: quando os reis 
aprontam alguma falcatrua
a culpa  sempre recaí nos alienígenas

Eu já lembro de uma escada recente
que usei para pintar
o mais lindo sonho de amor

Escadas se desdobram
em vários sentidos
conduzindo à outras dimensões

Eu nem seguro o muro
escorregadio das emoções
e me deixo cair em seus encantos

Dentro dessa escada
há uma outra escada
que não vejo

Com o tempo ela será visível
e talvez inalcansável caracol

A ferida nunca foi totalmente curada
mas a flor ainda não murchou
me sinto ainda preso aquela escada
sem sentir o peso de uma ilusão

Inútil fazer plástica para corrigir a cicatriz
e squecer a escada e fugir por algum frio elevador

Uma escada se esconde
em cada descuido
o contrário também pode ocorrer

As faces do degrau onde pisamos
se chamam espelhos em Arquitetura
As escadas de alguma forma
planas ou em claraboias
tem o poder de refletir
as nossas personalidades
determinando assim o destino
de cada um de nós

Escadas não somente servem
para subir ou descer
mas de transcender
de ser o acolher
mesmo antes de ser
fuga ou amor

Quando está tudo escuro
e não há ninguém por perto
bem devagarinho
e silenciosamente
as escadas começam a rolar
e podemos comprovar
que escadas não têm fim
ainda há D
                  E
                     G
                         R
                             A
                                 U
                                    S


Carlos Gutierrez

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Day after Day

I remember finding out about you
Every day, my mind is all around you
Looking out from my lonely room, day after day
Bring it home, baby, make it soon
I give my love to you
I remember holding you while you sleep
Every day, I feel the tears that you weep
Looking out of my lonely gloom, day after day
Bring it home, baby, make it soon
I give my love to you
Looking out of my lonely room, day after day
Bring it home, baby, make it soon
I give my love to you
I remember finding out about you
Every day, my mind is all around you
Looking out of my lonely gloom, day after day
Bring it home, baby, make it soon
I give my love to you.

Tradução Livre

Dia após Dia

Lembro-me de descobrir dia após dia de você
desde o primeiro degrau da escadaria
Desde o primance lance
desde o relance do primeiro olhar
Todos os dias a minha mente se concentra e gira  em torno de você
Olhando para fora do meu quarto solitário dia após dia
Trago  para casa, baby, as suas doces lembranças
Eu as retribuo com todo o meu amor para você

Lembro-me segurando o corrimão da saudade

 enquanto você deve estar dormindo agora
após exaustivos estudos de música 
e desafiadores vestibulares
Mas todos os dias eu posso de alguma forma sentir as lágrimas que você chora

em suas prementes escolhas
Olhando para fora de minha melancolia solitária, dia após dia
Trago as suas doces lembranças para a minha casa

baby, faça isso logo
transfere a sua perseverança
E em troca lhe dou meu amor para você

Olhando para fora do meu quarto solitário, dia após dia
Traga-o seu encanto para a minha casa,

 baby, faça isso logo
E em troca lhe dou um poema que revela todo meu amor para você

Lembro-me de descobrir sobre você
Todos os dias todas as horas, minha mente se concentra e gira em torno de você

e lhe admira cada vez mais
Olhando para fora de minha melancolia solitária, dia após dia
Traga o   seu  precoce conhecimento da vida para a minha solidão baby,

 faça isso logo!
E Eu lhe dou todo o meu amor por você.

domingo, 23 de dezembro de 2012

O PORTÃO

Foi a vez de Lêdo Ivo.
1924 - 2012

O PORTÃO
O portão fica aberto o dia inteiro
mas à noite eu mesmo vou fechá-lo.
Não espero nenhum visitante noturno
a não ser o ladrão que salta o muro dos sonhos.
A noite é tão silenciosa que me faz escutar
o nascimento dos mananciais nas florestas.
Minha cama branca como a via-láctea
é breve para mim na noite negra.
Ocupo todo o espaço da mundo. Minha mão
desatenta
derruba uma estrela e enxota um morcego.
O bater de meu coração intriga as corujas
que, nos ramos dos cedros, ruminam o enigma
do dia e da noite paridos pelas águas.
No meu sonho de pedra fico imóvel e viajo.
Sou o vento que apalpa as alcachofras
e enferruja os arreios pendurados no estábulo.
Sou a formiga que, guiada pelas constelações,
respira os perfumes da terra e do oceano.
Um homem que sonha é tudo o que não é:
o mar que os navios avariaram,
o silvo negro do trem entre fogueiras,
a mancha que escurece o tambor de querosene.
Se antes de dormir fecho o meu portão
no sonho ele se abre. E quem não veio de dia
pisando as folhas secas dos eucaliptos
vem de noite e conhece o caminho, igual aos mortos
que todavia jamais vieram, mas sabem onde estou
— coberto por uma mortalha, como todos os que
sonham
e se agitam na escuridão, e gritam as palavras
que fugiram do dicionário e foram respirar o ar da
noite que cheira a jasmim
e ao doce esterco fermentado.
os visitantes indesejáveis atravessam as portas
trancadas
e as persianas que filtram a passagem da brisa
e me rodeiam.
Ó mistério do mundo, nenhum cadeado fecha o
portão da noite.
Foi em vão que ao anoitecer pensei em dormir
sozinho
protegido pelo arame farpado que cerca as minhas
terras
e pelos meus cães que sonham de olhos abertos.
À noite, uma simples aragem destrói os muros dos
homens.
Embora o meu portão vá amanhecer fechado
sei que alguém o abriu, no silêncio da noite,
e assistiu no escuro ao meu sono inquieto.


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quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

ESPAIRECER

Pode parecer um sonho
mas quando a vejo
sinto um sublime espairecer
e consigo absorver
toda a luz de uma tela de Monet
e dissolver toda a sombra
que assombra o meu ser
Lhe ver enfim é poder
escolher a mais linda paisagem
n a mais propícia estação
e destilar o perfume da rosa mais linda
Espairecer é sorver o seu encanto
a sua presença se torna acalanto
e sua ausencia a melhor saudade
capaz de esmiuçar cada palavra dita antes
e preparar com mais esmêro
aquelas que estão ainda dormindo
talvez sonhando
em meu dicionário interior
Espairecer é fazer prevalecer a distração
soltar o verbo
e as amarras do coração!


Carlos Gutierrez

sábado, 15 de dezembro de 2012

AUGUSTA

Augusta que degusta os prazeres noturnos
Não se assusta com nada: trânsito, faróis dos postes, gaturnos,
 prostitutas em trajes sumáriuos
Augusta que não frustra o imaginário 
que todo cenário pode conter
Augusta que ilustra a selva de pedra 
até mesmo com seu nome singelo! 
Augusta de tantas eras e efervescências...
pecados que já foram fontes de inocência 
que não entrou na letra de Sampa por falta de uma rampa 
até cruzarcom os braços da Avenida São João! 


Augusta de encanto instantâneo : seus voos e subterrâneos!
Augusta que serve de letra de uma canção 
e pedra musa e musga para uma declaração! 
Augusta plural que lhe gusta!
Augusta que caí na Consolação
Ela sonha sem dormir!!!
Doce pétrea ilusão


Carlos Gutierrez      

Pérola

Estou pensando em você...
em uma pérola-mulher
uma estrela que possa tocar as minhas mãos
e transpor o seu brilho em meus olhos
um brilho sólido!
Um clarão enfim
capaz de congelar todo o seu encanto!
arrefecer uma afoita paixão
e ser muito mais que atração
e ser muito mais muito mais amor!
não somente o vapor
mas todo o calor
que necessita um aconchego!
Esmerilho as palavras
cada letra
cada vogal
cada consoante
perolizo
personalizo
para competir com o brilho
que emanam os seus olhos meigos
leigos das  dores e das intrigas  
Embarco em seu fascínio
esperando a plataforma do seu olhar...
esperando a concha abrir...
e despertar...des...pérola!
vou lhe esperar!
dentro de um vagão restaurante
com uma rosa vermelha
e um cálice de vinho
e um poema nada hesitante
escrito com sangue e sentimento
no linho de um guardanapo
que sonha o contato dos seus lábios tão doces
Me espera!
me espera Pérola
nessa atmosfera tão romântica...
apitos de locomotivas emotivas
atritos de trilhos com as rodas metálicas  
defumagens de paisagens
Me espera Pérola...
com os seus olhos que também são pérolas
não estáticas...elásticas sim 
em toda trama de um romance sem fim!
Pérola que se infiltra na rede da minha memória
porque ja não é mais estranha
e o seu olhar me acompanha
antes mesmo desse libertar da ostra
o seu olhar que me pune e me absolve
Aí sim reside o seu encanto
no espaço dos seus dois olhos
transplante entre eles
do seu radiante sorriso!

Carlos Gutierrez
 

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Forte Apache

FORTE APACHE


Queria porque queria um Forte Apache
com direito a todos os componentes
armas animais índios militares
de todas as patentes penas e cocares
fuzis canhões pistolas
arcos e flechas zarabatanas e tacapes
Nada que se escape do brinquedo perfeito
Queria porque queria 
e não ficava um dia sequer
à revelia de qualquer tempo e ameaças 
entrar na loja de departamentos
e cobiçar com a infantil devassa
a estrutura de madeira 
perfeitamente pintada
junto com os cavalos intrépidos
e homens brancos caras-pálidas
e vermelhos selvagens  e imberbes
Queria porque queria 
e a cada dia que passava
travava consigo mesmo
uma batalha interna
fôsse na caverna dos sonhos
ou no fundo do poço dos desejos
Tentava entender e assimilar
a vitória e a derrota
o presente e a solidão
a conquista e a frustração
Queria porque queria o Forte Apache
a embalagem atraente de papelão resistente
que juntava encaixava inimigos
e domava animais
e juntava os seres audazes e covardes
mártires e desertores
Queria porque queria
transferir o Forte Apache
da loja de departamentos para o seu quarto
e em seu território poder dominar os dois lados
ao seu bel prazer
nu ou fardado
Um dia vestiria a farda azul 
cheia de botões dourados
outro dia quase desnudado
exaltaria o céu
com seus gritos
imitando lobos solitários
Queria porque queria o Forte Apache
e nele protegido
assistir sem perder nenhuma cena
nenhum diálogo
os filmes de Woody Allen




Carlos Gutierrez

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Melancolia

Melancolia

A chuva fria
intermitente
a rua vazia
a pele cinza dos paralelepípedos
as poças d'água
espelhos líquidos
o meu quarto sombrio
apenas iluminado
por uma luz amarela vadia
gerada por uma lâmpada
quase esgotada
Saudades do que eu jamais fui
e poderia ser
tento ler...mas as lentes estão vencidas...
enquanto a chuva fria
não deixa as telhas em paz
tudo traz melancolia...
a ducha fria
sobre os pensamentos quentes
e desejos ainda ardentes...
dormir ...dormir...
bem que essa noite poderia ser diferente...
sem a sombra de um aborrecido despertar!






Carlos Gutierrez


VISITA

Vim lhe fazer uma visita
O meu dedo tímido hesita
em tocar a campainha
talvez você esteja dormindo ainda
dentro de um sonho...
Acho que cheguei muito cedo
ou tarde demais...
mas num rompante delirante
a minha outra mão gira a maçaneta
como um inesperado ladrão...
Vim lhe fazer uma visita
sem nenhum pretexto sem algum cartão
sem flores em minhas mãos...
apenas as minhas pernas tremulas
e os meus versos dispersos
Vim lhe fazer uma visita
ser enforcado pelo seu cachecol
ou encontrar a redenção em seu violáceo echarp
Vim lhe contemplar
o seu belo rosto
o seu bom gosto
o seu sorriso
os seus acessórios
pois nada em você
e supérfluo passageiro ou provisório 


Carlos Gutierrez

Old Times New Emotions

Old Times New Emotions

Sou ainda aquele jeans invejado
de tempos atrás
que chegava engomado e desajeitado
de corte e modelo tradicionais
cinco bolsos básicos
e rebites dourados
além do botão de pressão
do jeans...do jeans...
que quanto mais se usa e se lava
na chuva nas pedras
ou no tanque áspero da casa
se torna mais confortável
de vestir e olhar
Eu ainda sou a tonalidade azul
índigo blue
que quanto mais se desbota
e disputa nas pernas
com o couro cru das botas
os caminhos sem fim
as aventuras desoladas ou gratificantes
mais se torna atraente e regenerador
depois da dor de uma queda
ou após o sorriso num salto sem juízo
qual um banho quente 
nos aposentos de um saloom
mesmo fora de um ofurô
com o aparato rústico de uma bucha macia
ainda carregada de sementes negras 
em seus densos fiapos interiores
que eliminam todas as toxinas  e
impurezas da pele recente de longas trilhas
e impregnam em nossas epidermes
perfumes de paisagem que deixamos para trás
Sou ainda aquela lanchonete com ares rebeldes
barulhenta e efervescente
a muzzarela esticando-se dentro do lanche
seduzindo o paladar e os dentes
em contraste com o chicletes delirante
dentro da sua boca irreverente
que se faz fonte
da pedra do meu maior desejo
Sou a pimenta em excesso em seus olhos inocentes
que derruba em seus ouvidos
os desejos mais inconfessos e prementes
Sou ainda o canudo que sorve o milk shake
para saciar a gula que estrangula
um desejo mal resolvido
Sou a groselha  que se espalha 
sobre o sorvete
e imita o sangue de um poeta
que se congela
quando fica frente a frente com a sua musa amada
e apenas grita com os seus olhos embaçados
pela chapa quente que está ao seu lado
fumegante
desafiando as mãos do lancheiro e da garçonete
Sou o guardanapo que absorve a gordura
o beijo amarelo da mostarda
as salivas lascivas  de sedes fomes e vontades
de misturarem-se  ao batom vermelho
que veste os seus lábios
Sou o paradoxo da juventude
o descrente e o ortodoxo
as atitudes e as extravagâncias
toda a ganância de viver e provar cada segundo
o desejo de ser livre
e ao mesmo tempo apaixonado
Desgarrar-se ou ser agarrado
Sou a ficha ou quando não tenho grana
o clips culpado que engana o Junk Box
e lhe oferece a mais romântica canção!




Carlos Gutierrez

CÃO E GATO

EU CÃO CONFESSO O DESEJO DAS RUAS
O ÔSSO LONGO E CINZA DURO DE ROER
E QUE PODE DURAR ATÉ O AMANHECER
EU GATO GATURNO O DESEJO POR TELHADOS
AS TELHAS QUE SÃO SÓLIDAS TEIAS
QUE PROTEGEM TETOS E INTIMIDADES ALHEIAS

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

MINHA

ESPINHA DORSAL
CAMINHA SOBRE O BEIRAL
DA JANELA DOS MEUS SONHOS
MINHA
POR PRESUNÇÃO
POR OPÇÃO
DO MEU CORAÇÃO
MINHA
INFINITA
MINHA DOCE ILUSÃO
MINHA MIRAGEM
MINHA VIAGEM
NAS H ORAS MORTAS
MINHA RETA
EM LINHAS TORTAS
A RESOLUÇÃO
DO MEU QUEBRA-CABEÇA
O MOSAICO
QUE JUNTA
TODOS OS MEUS FRAGMENTOS
MINHA
QUE ETERNIZA MOMENTOS

Carlos Gutierrez

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

OPACO E BRILHANTE

Perto ou....................................longe
Próximo ou.....................distante
tudo é relativo
o opaco pode se tornar brilhante
num instante
num tocar de dedos hesitantes
basta procurar o que sonhamos
e tudo começa a brilhar
a conspirar a favor
Podemos ludibriar o tempo
podemos abrir e fechar janelas
pular muros e sacadas
para agarrarmos um sonho!
Perto ou........................................longe
em nossas fugas e abandonos
Próximos ou...............distantes
em nossos encontros
arrancar a opacidade das nossas máscaras
e polvilhar os nossos olhos
com todas as estrelas do Universo

Carlos Gutierrez 

domingo, 9 de dezembro de 2012

Essa Tal de Adolescência

ESSA TAL DE ADOLESCÊNCIA

poematizaçaõ de um artigo de Gilmara Giavarina

Mescla das quatro estações do ano
Na primavera cercada de flores
Toda a atmosfera romântica
Rubores nas faces
Carícias nas pétalas
Promessas quantas e quânticas

espinhos que espetam
corações que desabrocham
Cenários de contos de fadas
borrifados por inéditos aromas
Primavera de flor espera
pelos frutos da maturidade
No calor do Verãol
abaredas de paixão
fogueiras de primeiras vaidades
crepitam sobre corpos ainda indefinidos
na dança de hormônios em desequilíbrio
Gel nos cabelos fartos e rebeldes
Gloss ou mel nos lábios ávidos
por beijos e úmidas declarações
Brincos enormes suspensos em orelhas
presos em lóbulos
junto com inseparáveis fones de ouvido
Piercings em lugares exóticos
Bonés virados ao contrário
Camisetas colocadas pelo avêsso
Atos travêssos
pequenos vandalismos
em murros e abismos
adolescentes andam em bandos
formam bandas
alguns se tornam nerds
outros rebeldes
outros alienados
outros reclusos
Riem por nada
ou total sarcasmo
Choram à toa
ou por tudo
no orgasmo das lágrimas
inocentes ou misturadas
com recentes pecados
No Outono
tudo se acalma
mesmo no mais triste abandono
A alma prevalece sobre o corpo
ainda bronzeado
por tórridas lembranças
A testa enruga
em fugas e encontros
Precoces plásticas
em faces retraídas ou elásticas
As árvores ficam nuas
A paisagem se encharca de melancolia
e o chão forrado de folhas
traz um arco-íris aos seus pés
Outono chega de uma hora para outra
para propícios transtornos
Horas irritantes
segundos hesitantes
Belas viram feras
e Príncipes desajeitados sapos
que pulam de lago a lago
para escapar do falso afago
de uma bruxa maquiada
então chega o inverno
para reclusões e reflexões
janelas dos olhos e da casa se fecham
persianas de alumínio e pele
que repelem insetos e voos
Essa tal de adolescencia
efervescência de sonhos e ideias
Tempo que demora a passar
mas que quando passa
jamais há de voltar
Tempo melhor da vida
entre espinhas eferidas
onde brotam as mais vivas
alegres e secretas lembranças
Época de farras e forras
que não suportam desaforos
e aborresc~encias
Que tudo pode sem poder
Tempo em que definimos caminhos
e derrubamos muralhas
e que podemos por nós mesmo
escolher o rumo de nossas vidas
Tempo em que acreditamos em sonhos
e arriscamos escolhas quase impossíveis
onde os opostos quase sempre
possuem o mesmo significado
Unhas compridas para marcar presença
Olhos delineados
toda a arrogância do Bem
e a comédia das trilhas
dos nossos destinos
O coração pastelão
que desfere um tapa na cara
na máscara da ilusão
e se derrete como manteiga!

Carlos Gutierrez

sábado, 8 de dezembro de 2012

STAND BY ME

STAND BY ME

FICA COMIGO!

Fique Comigo!
Quando a noite chegar
E a terra estiver escura
E a lua for a única luz
que nela flutua
veremos que podemos ser nós mesmos
livres de todas as sombras do medo
Eu sei bem que não terei mais receios
Desde que ,amor ,fique!
fique comigo!

È querida, querida fique comigo!
ah agora! agora nesse noturno instante
Fique comigo!
Fique comigo! fique comigo!
e será o bastante para uma linda estoria de amor

Se o céu que vemos lá em cima
caísse e rolasse com todas as suas estrelas brilhantes
Se as montanhas desabassem para o mar
com todas as suas pedras rolantes
Não iria chorar, não iria derramarei uma lágrima sequer
Desde você ficasse comigo
e fõsse o mais romântico abrigo

É querida! queridafique comigo! ah fique comigo!
Fique comigo!fique comigo!
mesmo dentro de uma papel amassado
onde nasceu e prosperou um poema
repleto de letras sinceras

Mas se você agora não puder vir
e nem ouvir os meus apêlos
saiba que eu sempre a espero
e seguro os meus próprios rebeldes cabelos
para segurar as suas doces lembranças

E saiba que quando você estiver em apuros
eu estarei sempre ao seu lado
como se fôsse uma corda que a puxasse de um abismo
ou como o próprio muro das suas lamentaçõeso

Fique comigo querida! fique comigo!
você sabe o quanto eu posso ser abrigo
estancar as feridas...ser seu amigo...
se jamais puder ser o seu amor

Tradução livre
 
Carlos Gutierrez

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

The Very Thought of You - Delicatessen

OS OUTROS

OS OUTROS
OS OUTROS---OS OUTROS...
QUEM SÃO OS OUTROS?
QUE IMPORTA OS OUTROS...
OS ALHEIOS
OS OLHOS NEVOEIROS
OS PENSAMENTOS PREDATÓRIOS...
OS OUTROS...
ESPÚRIOS PURGATÓRIOS
SÓ NÓS DOIS SOMOS OBRIGATÓRIOS
PARA PREENCHEMOS OS NOSSOS SONHOS
SOMOS PROTAGONISTAS
COADJUVANTES
DUBLÊS
FIGURANTES
CENÁRIOS
IMAGENS E DIÁLOGOS
DO NOSSO AMOR...
OS OUTROS QUE FAÇAM FILAS
QUE INVENTEM OS SEUS PRÓPRIOS ROTEIROS


Carlos Gutierrez

sábado, 1 de dezembro de 2012

AGENDA

AGENDA

Diz a lenda:

todo garoto cobiça
olhar a agenda
da garota que deseja
e quando a consegue
por distração
ou premeditação
segura-a com as mãos trêmulas
e a folheia
com as oito patas de aranha
e com elas paralelas
apanha todas as possibilidades
da emaranhada teia textil...


Será que ela escreveu
uma linha sobre mim?
Ousou um verso
Entrelaçou o seu lindo nome
com o meu?
será que ela me percebeu...
e há um respingo de esperança
ou mesmo um garrancho
onde por ela eu me desmancho?..

Diz a lenda:
Todo garoto apaixonado
tem a curiosidade
o seu maior pecado;
devassar todos os segredos
da garota amada
- um misto quente
de medo e coragem
que gruda nos dentes
derrete na boca
e surpreende o paladar



Ah! a sua agenda é estufada:
há pétalas de flores coladas
etiquetas douradas de jeans
e delicadas lingeries
desenhos singelos e misteriosos
todos belos e pretenciosos...


a sua agenda é tão linda e perfumada
uma página borrifada de Lacoste
outra manchada de vinho tinto
outra de chocolate
resquícios metálicos
de papéis de balas.

Diz a lenda:
que uma agenda
pode durar mais do que um ano...
até que a próxima venha...
até que ainda
existam páginas em branco
ou escritas com palavras e versos
que ficaram na lembrança
Diz a lenda: todo garoto sonha
uma amorosa gazeta
para o seu primeiro encontro romântico...
mas se você for tão assídua
pelo menos deixe cair a sua agenda!
 
e fogem das gavetas