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POEMA





















quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Forte Apache

FORTE APACHE


Queria porque queria um Forte Apache
com direito a todos os componentes
armas animais índios militares
de todas as patentes penas e cocares
fuzis canhões pistolas
arcos e flechas zarabatanas e tacapes
Nada que se escape do brinquedo perfeito
Queria porque queria 
e não ficava um dia sequer
à revelia de qualquer tempo e ameaças 
entrar na loja de departamentos
e cobiçar com a infantil devassa
a estrutura de madeira 
perfeitamente pintada
junto com os cavalos intrépidos
e homens brancos caras-pálidas
e vermelhos selvagens  e imberbes
Queria porque queria 
e a cada dia que passava
travava consigo mesmo
uma batalha interna
fôsse na caverna dos sonhos
ou no fundo do poço dos desejos
Tentava entender e assimilar
a vitória e a derrota
o presente e a solidão
a conquista e a frustração
Queria porque queria o Forte Apache
a embalagem atraente de papelão resistente
que juntava encaixava inimigos
e domava animais
e juntava os seres audazes e covardes
mártires e desertores
Queria porque queria
transferir o Forte Apache
da loja de departamentos para o seu quarto
e em seu território poder dominar os dois lados
ao seu bel prazer
nu ou fardado
Um dia vestiria a farda azul 
cheia de botões dourados
outro dia quase desnudado
exaltaria o céu
com seus gritos
imitando lobos solitários
Queria porque queria o Forte Apache
e nele protegido
assistir sem perder nenhuma cena
nenhum diálogo
os filmes de Woody Allen




Carlos Gutierrez

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