POESÓ

TUDO PODE VIRAR PÓ
OU
POEMA





















quarta-feira, 27 de março de 2019

Persevera

E sem celeumas
sem clichês celulóides 
tudo que a alma
pode transcrever
inserir ferir sem doer
sem traumas e hesitações
um jorro verbal
capaz de vibrar e atrair a sua atenção
Alguém a vê
a percebe
e estranho lhe segue
em passos pássaros
com os olhos vidrados
virados em órbitas elucubrações
e sem celeumas
penas e plumagens
sem palavras efêmeras
ou impactantes
como bicos de águias
e somente sementes
com palavras opacas
que as tornam brilhantes
Alguém tenta
lhe descrever
mais do que a seda negra dos seus cabelos
o sorriso pérola
e o vestido preto
com pratas intervenções
que resgata todos os seus doces mistérios
Alguém se declara
no intervalo de cada palavra
que percorre toda a sua feminina frase
na catarse do tempo
Cravo o cravo escravo da paixão
espio espinhos
enfio e desafio cáctus
dilacero folhas
qual incansável formiga
Esguicho a sede bicho
colo a larva
experimento a erva
e tudo que me leva
ao abismo do seu caule
lembrança groselha dos seus lábios
vivas pétalas
para sentir o perfume e a queda
em alguma delas
E seja como for
com qualquer escoriação
me sentir colibri
para absorver toda a fragrância
que ela exala
E todo o jardim apaixonado
que a ela se declara

Nenhum comentário:

Postar um comentário