POESÓ
TUDO PODE VIRAR PÓ
OU
POEMA
OU
POEMA
quarta-feira, 26 de novembro de 2014
terça-feira, 4 de novembro de 2014
domingo, 26 de outubro de 2014
sábado, 25 de outubro de 2014
domingo, 28 de setembro de 2014
Sophisticated Lady
Sophisticated Lady
·
Esse perfil
basta um só lado
para notar
tão sofisticado
à la Coco Chanel
esse perfil
cúmplice do chapéu
do negro feltro
da aba que se abre poética
esse meio semblante
belo e instigante
em compasso de espera
ao exato contemplar
esse perfil
esse chanel
entre a nuca e a borda do chapéu
essa sombra que deslumbra
lírica penumbra
em contraste com a luz
que flutua
pela alçado vestido
e escorre
na palma da mão afável
entre os dedos
entre o cigarro e a piteira
ah esse perfil
em sutis lufadas
e labaredas
Carlos Roberto Gutierrez
Foto de Pérola Maia Bonfanti.
·
Esse perfil
basta um só lado
para notar
tão sofisticado
à la Coco Chanel
esse perfil
cúmplice do chapéu
do negro feltro
da aba que se abre poética
esse meio semblante
belo e instigante
em compasso de espera
ao exato contemplar
esse perfil
esse chanel
entre a nuca e a borda do chapéu
essa sombra que deslumbra
lírica penumbra
em contraste com a luz
que flutua
pela alçado vestido
e escorre
na palma da mão afável
entre os dedos
entre o cigarro e a piteira
ah esse perfil
em sutis lufadas
e labaredas
Carlos Roberto Gutierrez
Foto de Pérola Maia Bonfanti.
sábado, 27 de setembro de 2014
Desirée
DESIRÉE
HAPPY BIRTHDAY
a paisagem não será a mesma...
quebra-se entre as lentes violetas
dos seus óculos envernizados de sonhos....
uma nova película se estica em sua face eufórica....
contagiante sem retórica...
um piercing no swing do seu sorriso....
o esmalte a laca que protege sussurros e gritos....
a paisagem não será a mesma....
a natureza trêmula trama
uma aventura sem drama
e uma tulipa floresce
no centro da sua face
e explode um sorriso tubarão
Carlos Roberto Gutierrez
HAPPY BIRTHDAY
a paisagem não será a mesma...
quebra-se entre as lentes violetas
dos seus óculos envernizados de sonhos....
uma nova película se estica em sua face eufórica....
contagiante sem retórica...
um piercing no swing do seu sorriso....
o esmalte a laca que protege sussurros e gritos....
a paisagem não será a mesma....
a natureza trêmula trama
uma aventura sem drama
e uma tulipa floresce
no centro da sua face
e explode um sorriso tubarão
Carlos Roberto Gutierrez
terça-feira, 9 de setembro de 2014
domingo, 7 de setembro de 2014
INTEGRAL
" Eu sei que eu ia te fazer feliz
Dos pés até a ponta do nariz
Da beira da orelha ao fim do mundo "
Desirée Gomes
Dos pés até a ponta do nariz
Da beira da orelha ao fim do mundo "
Desirée Gomes
TROCAS
Troca o carrinho
muda o caminho
não sei o que acontece
me aproximo
lhe toco e lhe sinto espinho
mais do que pétala
Flor desertora
de um jardim
Tento outro carinho
florir outra rota
mas não sei o que acontece
quanto mais eles a devotam
sinto o seu toque de recolher
Troca o transporte
mudo o itinerário
não sei o que acontece
o seu horário não obedece
a minha pressa e não atravessa
o meu relógio
muda o caminho
não sei o que acontece
me aproximo
lhe toco e lhe sinto espinho
mais do que pétala
Flor desertora
de um jardim
Tento outro carinho
florir outra rota
mas não sei o que acontece
quanto mais eles a devotam
sinto o seu toque de recolher
Troca o transporte
mudo o itinerário
não sei o que acontece
o seu horário não obedece
a minha pressa e não atravessa
o meu relógio
Carlos Roberto Gutierrez
quarta-feira, 3 de setembro de 2014
domingo, 24 de agosto de 2014
Maçãs Vermelhas
Maçãs
E deixar pra trás todas essas varandas?
Deixar escrito flores, floricultura, gotas de chuva?
Deixar aqui toda essa coca-cola-chiclete-cinzeiro?
E tem tanto som em minha garganta!
Pra trás deixar um pomar de plástico
com frutas de isopor em terra
de vidro em pó e farinha de trigo,
porque pisar nesse veludo
e beijar a cara amassada do travesseiro mal dormido
em noite de sol, j
já não convém ás minhas divagações levemente trincadas,
restauradas com goma à base de pólen, alcatrão e trivialidades.
E num dia, hoje talvez, romper a cápsula guardiã
da fluorescência magnífica que adjetiva
a tal poliglota refinada musicista pra permanecer intacta
e repousante no seu cotidiano maléfico, sangue, nervos e tecidos,
sejam tecidos estampados ou negros,
não importa porque a porta do sorriso sempre fica aberta.
E deixar tudo isso pra trás? São tantas frutas brotando!
Talvez eu deixe ou leve pra trás.
Talvez, uma vez, não sei.
Talvez tudo não passe de um belo pomar.
Desirée Gomes
E deixar pra trás todas essas varandas?
Deixar escrito flores, floricultura, gotas de chuva?
Deixar aqui toda essa coca-cola-chiclete-cinzeiro?
E tem tanto som em minha garganta!
Pra trás deixar um pomar de plástico
com frutas de isopor em terra
de vidro em pó e farinha de trigo,
porque pisar nesse veludo
e beijar a cara amassada do travesseiro mal dormido
em noite de sol, j
já não convém ás minhas divagações levemente trincadas,
restauradas com goma à base de pólen, alcatrão e trivialidades.
E num dia, hoje talvez, romper a cápsula guardiã
da fluorescência magnífica que adjetiva
a tal poliglota refinada musicista pra permanecer intacta
e repousante no seu cotidiano maléfico, sangue, nervos e tecidos,
sejam tecidos estampados ou negros,
não importa porque a porta do sorriso sempre fica aberta.
E deixar tudo isso pra trás? São tantas frutas brotando!
Talvez eu deixe ou leve pra trás.
Talvez, uma vez, não sei.
Talvez tudo não passe de um belo pomar.
Desirée Gomes
Um Dia Amarelo
Dia Amarelo
Um dia amarelo
intensamente belo
um dia amarelo
que fez acordar Van Gogh
grogue por tanta luz
e beleza
um girassol sobre a mesa
um chapéu de palha
para não esquentar a cabeça
um cavalete aberto
para abraçar uma virgem tela
que deseja mais que o carvão
da lareira da noite fria passada
deseja mais do que a translúcida aquarela
do dia que amarelo começa
deseja o óleo a resina e o verniz
para eternizar os seus carinhos
gestos de afetos
rápidos precisos e desesperados
arremessados por suas espátulas
e cerdas dos seus pincéis
carretéis de sonhos
que lutam contra os medonhos pesadelos
a minha orelha sangra
e derrama o vermelho na tela
para o sol ficar mais exuberante
os meus ouvidos
no mar vermelho suspiram
os seus segredos
a sua voz azul!
Carlos Roberto Gutierrez
domingo, 20 de julho de 2014
FLOWER IN THE SUN
Não resisto, desisto, revisto
Eu desvio minhas linhas que cruzam as tuas
Emudeço a boca e fecho a porta
Deito na cama de pregos
imaginando o depoimento sincero
Tranço realidade a espera mística
Fico estática
Embarco no primeiro vôo
Sento na areia e sinto o afiar das marés
tocando minha sombra comprida
Molho o sorriso nas frases que são tuas
Murmuro o refrão onde
nos encontramos secretamente
Sua gaita afinada traz visões de eclipse.
O regresso é mais cobiçado do que a partida.
Todos os dias, em notas musicais e saudações...
visitamo-nos
linha por linha
de tal modo, flower in the sun.
Desirée Gomes
Eu desvio minhas linhas que cruzam as tuas
Emudeço a boca e fecho a porta
Deito na cama de pregos
imaginando o depoimento sincero
Tranço realidade a espera mística
Fico estática
Embarco no primeiro vôo
Sento na areia e sinto o afiar das marés
tocando minha sombra comprida
Molho o sorriso nas frases que são tuas
Murmuro o refrão onde
nos encontramos secretamente
Sua gaita afinada traz visões de eclipse.
O regresso é mais cobiçado do que a partida.
Todos os dias, em notas musicais e saudações...
visitamo-nos
linha por linha
de tal modo, flower in the sun.
Desirée Gomes
PICNICS
PICNICS
picnics
pickles
palavras doces
e picantes
olhares demorados
procura de lugares relaxantes
grama
riachos
lapsos de tempo
uma câmera antiga
um urso escondido
o pote de vidro
o mel convidativo
a toalha ainda tímida
e hesitante ao contato da grama
o golfe sem regras
as bordas
os bordados
de um tempo descompromissado
picnic
sem repelentes
exposto às picadas
enxerto de afetos e insetos
Carlos Roberto Gutierrez
picnics
pickles
palavras doces
e picantes
olhares demorados
procura de lugares relaxantes
grama
riachos
lapsos de tempo
uma câmera antiga
um urso escondido
o pote de vidro
o mel convidativo
a toalha ainda tímida
e hesitante ao contato da grama
o golfe sem regras
as bordas
os bordados
de um tempo descompromissado
picnic
sem repelentes
exposto às picadas
enxerto de afetos e insetos
Carlos Roberto Gutierrez
Bords de Marne, premiers congés payés, 1936
Photo Henri Cartier-Bresson
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=679017195518093&set=a.242464149173402.59770.242455849174232&type=1&theater
Bords de Marne, premiers congés payés, 1936
Photo Henri Cartier-Bresson
Photo Henri Cartier-Bresson
sábado, 19 de julho de 2014
quinta-feira, 17 de julho de 2014
quarta-feira, 9 de julho de 2014
quinta-feira, 3 de julho de 2014
segunda-feira, 30 de junho de 2014
HAICAI
Um haicai não saí
quando a gente deseja
caí fluí goteja
recortes de seda
linha megera de cerol
sonhos frustrados
pombo no beiral
pipa estrangulada
ave assustada
paredes mudas
amortecendo gritos
marcas de silencio
cortinas leves
ambientes pesados
bocejo das horas
Carlos Roberto Gutierrez
quando a gente deseja
caí fluí goteja
recortes de seda
linha megera de cerol
sonhos frustrados
pombo no beiral
pipa estrangulada
ave assustada
paredes mudas
amortecendo gritos
marcas de silencio
cortinas leves
ambientes pesados
bocejo das horas
Carlos Roberto Gutierrez
sexta-feira, 27 de junho de 2014
ESPERA
Posso sentar e esperar o poema batente a porta
É bom, enquanto isso olho pela janela
Não que a paisagem esteja diferente, ao contrário
Fielmente igual ao sempre
Mas a brisa que bate me presenteia com olhos diferentes
Por eles posso escolher as cores, desenhos, rostos, e lugares
Fico entre a noite da Lapa e a manhã siberiana
A avenida barulhenta e a trilha acidentada,
Mas quero mesmo os cassinos de Vegas ou calçadas da Augusta.
Pensei em segurar os ponteiros do relógio, o tempo
Não parece tão gentil comigo.
Que seja, que venha..
Se a madrugada me atirar a cama querendo me pôr a assistir sonhos,
Entre pela porta quase aberta,se junte ao meu travesseiro
Iremos juntos aos cassinos e calçadas,
Vista seu terno risca de giz, abra a champagne e ascenda o charuto
Teremos tempo para um can-can, ou bossa nova
Se preferir o quarto, dispa-se do simbolismo e
Acorde-me, com o beijo apaixonado.
Desirée Gomes
É bom, enquanto isso olho pela janela
Não que a paisagem esteja diferente, ao contrário
Fielmente igual ao sempre
Mas a brisa que bate me presenteia com olhos diferentes
Por eles posso escolher as cores, desenhos, rostos, e lugares
Fico entre a noite da Lapa e a manhã siberiana
A avenida barulhenta e a trilha acidentada,
Mas quero mesmo os cassinos de Vegas ou calçadas da Augusta.
Pensei em segurar os ponteiros do relógio, o tempo
Não parece tão gentil comigo.
Que seja, que venha..
Se a madrugada me atirar a cama querendo me pôr a assistir sonhos,
Entre pela porta quase aberta,se junte ao meu travesseiro
Iremos juntos aos cassinos e calçadas,
Vista seu terno risca de giz, abra a champagne e ascenda o charuto
Teremos tempo para um can-can, ou bossa nova
Se preferir o quarto, dispa-se do simbolismo e
Acorde-me, com o beijo apaixonado.
Desirée Gomes
FLOR DE LÓTUS
FLOR DE LÓTUS
tradução livre
:Eu clandestino em seu destino
entrarei em um dos bolsos do seu jeans
que transplanta em seu brim
o céu mais lindo
e o mar mais profundo
entrarei invisível
detergente neutro
sem vestígios
para trilhar o seu caminho
enquanto você não perceber
enquanto eu não for uma pedra ou um espinho
vou me encolher
deslizar até desaparecer
na ranhura do bolso
do algodão rústico
mesmo que eu me corte
não importa...
nada pode mais me machucar...
talvez o bolso escolhido
não seja tão amplo quanto o meu coração vazio
mas eu sou perito em voar
mesmo sob um céu sombrio
e um espaço aéreo vigiado
posso enraizar as minhas asas
e ouso o pouso da sua liberdade
podemos ser livres
mesmo presos às circunstâncias
distância e acasos
eu sempre a vejo
como uma flor de lótus
que se abre e acolhe
a mão de quem ela não escolhe
mas que sabe
desperta pétala ou espinho
da curiosidade
Carlos Roberto Gutierrez
https://www.youtube.com/watch?v=cfOa1a8hYP8
tradução livre
:Eu clandestino em seu destino
entrarei em um dos bolsos do seu jeans
que transplanta em seu brim
o céu mais lindo
e o mar mais profundo
entrarei invisível
detergente neutro
sem vestígios
para trilhar o seu caminho
enquanto você não perceber
enquanto eu não for uma pedra ou um espinho
vou me encolher
deslizar até desaparecer
na ranhura do bolso
do algodão rústico
mesmo que eu me corte
não importa...
nada pode mais me machucar...
talvez o bolso escolhido
não seja tão amplo quanto o meu coração vazio
mas eu sou perito em voar
mesmo sob um céu sombrio
e um espaço aéreo vigiado
posso enraizar as minhas asas
e ouso o pouso da sua liberdade
podemos ser livres
mesmo presos às circunstâncias
distância e acasos
eu sempre a vejo
como uma flor de lótus
que se abre e acolhe
a mão de quem ela não escolhe
mas que sabe
desperta pétala ou espinho
da curiosidade
Carlos Roberto Gutierrez
https://www.youtube.com/watch?v=cfOa1a8hYP8
domingo, 22 de junho de 2014
Vento da Nostalgia
"Para afastar o incômodo vento da nostalgia"
Seus beijos súbitos e súditos afastaram todos os ventos.
Quero ver!
A transcrição das pistas
No seu arquivo a imagem
Nos meus olhos a chegada
Pólvora que traz luz
Quero ver!
Escapulir lembranças
Caminhos secretos entre nós
Margaridas a lamentar
Dias e dias...
Quero ver!
O ata e desata a lhe salvar
A corda vermelha no chão
O pecado de lhe deixar, jamais
Mão sequiosas de lhe afagar
Quero ver!
O que você captou
Um retrato que nunca guardou
Beijo no canto da boca
Súbitos e súditos
Quero ver!
Quero ouvir!
Quero ter!
Vim pra lhe ver!
Na margem do seu sorriso
Desirée Gomes
ALPARGATAS
Nem todas as gatas são pardas
algumas são iluminadas
caminham e flutuam
como confortáveis alpargatas
Nem todas as gatas são pardas
algumas brilham
na aurora
na madrugada
escalam escadas de sonhos
arranham os abismos
acariciam as alamedas
como se as palmilhas
fossem de seda
Nem todas as gatas são pardas
Nem todas as alpargatas são súblimes
como esta que se faz capa
e não derrapa...
escapa em aventuras
Carlos Roberto Gutierrez
algumas são iluminadas
caminham e flutuam
como confortáveis alpargatas
Nem todas as gatas são pardas
algumas brilham
na aurora
na madrugada
escalam escadas de sonhos
arranham os abismos
acariciam as alamedas
como se as palmilhas
fossem de seda
Nem todas as gatas são pardas
Nem todas as alpargatas são súblimes
como esta que se faz capa
e não derrapa...
escapa em aventuras
Carlos Roberto Gutierrez
NÉON
NÉON
status de Art for ever.
néon
luzes em profusão
frisson
tráfego iluminado
a rua desperta
a calçada boceja
o muro se espanta
a poeira levanta
o lume betume do asfalto
a noite não mais se finge
se tinge
e os seus olhos vermelhos
desvendam os segredos
da concreta esfinge
Carlos Roberto Gutierrez
Amazing Traffic Lights Photographs by Lucas Zimmermann
http://www.paintingandart.com/amazing-traffic-lights-photographs-by-lucas-zimmermann/ (5 fotos)
status de Art for ever.
néon
luzes em profusão
frisson
tráfego iluminado
a rua desperta
a calçada boceja
o muro se espanta
a poeira levanta
o lume betume do asfalto
a noite não mais se finge
se tinge
e os seus olhos vermelhos
desvendam os segredos
da concreta esfinge
Carlos Roberto Gutierrez
Amazing Traffic Lights Photographs by Lucas Zimmermann
http://www.paintingandart.com/amazing-traffic-lights-photographs-by-lucas-zimmermann/ (5 fotos)
TATUAGEM
poesia na pele
viagem na epiderme
tudo que impele
tribos e trilhas
em busca de aventuras
afastar os vermes
e juntar ilhas
poesia sobre a pele
roteiro gravado em poros
tudo que exploro
em versos concretos
palavras trilhos
brilhos de todas as letras
uma mochila que não pesa
poesia na pele
poema que se move
e se torna elástico
no encanto plástico
de uma obra de arte
que faz parte
do corpo
que é mais do que matéria
tecidos ossos artérias
músculos
crepúsculos de esperas
do corpo que protege
a alma que emerge
sempre terna
Carlos Roberto Gutierrez
poetic model
Juliany Pinheiro
viagem na epiderme
tudo que impele
tribos e trilhas
em busca de aventuras
afastar os vermes
e juntar ilhas
poesia sobre a pele
roteiro gravado em poros
tudo que exploro
em versos concretos
palavras trilhos
brilhos de todas as letras
uma mochila que não pesa
poesia na pele
poema que se move
e se torna elástico
no encanto plástico
de uma obra de arte
que faz parte
do corpo
que é mais do que matéria
tecidos ossos artérias
músculos
crepúsculos de esperas
do corpo que protege
a alma que emerge
sempre terna
Carlos Roberto Gutierrez
poetic model
Juliany Pinheiro
quinta-feira, 19 de junho de 2014
DESCORTINA
foto de Adore Noir Magazine.
By Jane Wang.
https://www.facebook.com/jane.wang.3150
descortina
esvoaçante
aerosol
escolha a canção preferida
colha o silencio dos meus olhos
fascinados
na transparência
e nos relevos
releve as grades
os vidros
vidrados
pelo vibrar
da sua beleza
invada
assuste
um quarto indefeso
um abajur titubeante
um criado mudo
que sonha ser ventrículo
de um cubículo
onde possa se concentrar um sonho
descortina
descontínua
desvia todo um destino
redemoinho
clandestino
o primeiro badalo de um sino
Carlos Roberto Gutierrez
By Jane Wang.
https://www.facebook.com/jane.wang.3150
descortina
esvoaçante
aerosol
escolha a canção preferida
colha o silencio dos meus olhos
fascinados
na transparência
e nos relevos
releve as grades
os vidros
vidrados
pelo vibrar
da sua beleza
invada
assuste
um quarto indefeso
um abajur titubeante
um criado mudo
que sonha ser ventrículo
de um cubículo
onde possa se concentrar um sonho
descortina
descontínua
desvia todo um destino
redemoinho
clandestino
o primeiro badalo de um sino
Carlos Roberto Gutierrez
terça-feira, 17 de junho de 2014
ATÉ MAIS VER
Até Mais Ver
Vim te visitar de mãos abanando,
sem um mísero vintém de frase feita,
nenhum tostão poético
mas não pude deixar de bater à sua porta,
pisar na grama verde do seu jardim,
abrir o portão pesado,
ruído pelo tempo
- foi intensamente irresistível,
dizer da noite quente,
do dia cheio,
do prato na mesa.
Não vim trazendo novidades
tão pouco a medida do bonfim,
sei lá, só queria vir
ver de canto, seu canto - cantar.
Foi de súbito, visita breve.
Foi olhar no seu muro,
reprimir a vontade, em vão,
abrir portões,
cheirar as flores,
atravessar suas roupas
e invadir sua alma épica
pra dizer boa noite, noite boa.
Sem cálculos ou demoras.
Farei agora o inverso do caminho.
Até mais ver!
Desirée Gomes
Vim te visitar de mãos abanando,
sem um mísero vintém de frase feita,
nenhum tostão poético
mas não pude deixar de bater à sua porta,
pisar na grama verde do seu jardim,
abrir o portão pesado,
ruído pelo tempo
- foi intensamente irresistível,
dizer da noite quente,
do dia cheio,
do prato na mesa.
Não vim trazendo novidades
tão pouco a medida do bonfim,
sei lá, só queria vir
ver de canto, seu canto - cantar.
Foi de súbito, visita breve.
Foi olhar no seu muro,
reprimir a vontade, em vão,
abrir portões,
cheirar as flores,
atravessar suas roupas
e invadir sua alma épica
pra dizer boa noite, noite boa.
Sem cálculos ou demoras.
Farei agora o inverso do caminho.
Até mais ver!
Desirée Gomes
UNHAS
UNHAS
Unhas
Um verde oliva
saliva no vermelho dos lábios
Um verde azeitona
não se remove nem com generosa acetona
de tão lindo impregna-se nas redomas das unhas
que supunhas arrepios
e testes de sensibilidades
Um verde pistache
que destaque
e jamais decalque
as palavras quando ditassem recalques
pelas mãos e pelos gestos
que complementam
a linguagem luminosa dos olhos discretos
e a voz que se resguarda
e seleciona somente segredos
Posso vê-los
os seus delicados dedos
incisivos alicates
empurrando os meus dedos
com a perícia das espátulas
e a remoção das cutículas
Ah! suas mãos que eu sonho
que invejam os olhos da manicure
em passeios por jardins e bosques
e tudo que enrosque em pétalas
e se liberam em borboletas!
Carlos Roberto Gutierrez
Unhas
Um verde oliva
saliva no vermelho dos lábios
Um verde azeitona
não se remove nem com generosa acetona
de tão lindo impregna-se nas redomas das unhas
que supunhas arrepios
e testes de sensibilidades
Um verde pistache
que destaque
e jamais decalque
as palavras quando ditassem recalques
pelas mãos e pelos gestos
que complementam
a linguagem luminosa dos olhos discretos
e a voz que se resguarda
e seleciona somente segredos
Posso vê-los
os seus delicados dedos
incisivos alicates
empurrando os meus dedos
com a perícia das espátulas
e a remoção das cutículas
Ah! suas mãos que eu sonho
que invejam os olhos da manicure
em passeios por jardins e bosques
e tudo que enrosque em pétalas
e se liberam em borboletas!
Carlos Roberto Gutierrez
segunda-feira, 16 de junho de 2014
DESFRUTA
desfruta e não se frustra
com tudo que a noite ilustra
entre muros e cercas elétricas
identidades ecléticas
desfruta da fruta antes que apodreça
que amadureça demais e perca
o sabor do pecado
nas raízes dos seus lábios
nas cicatrizes das ruas da cidade
nos logradouros
nos sumidouros
bueiros e logros
desfruta da casca
da cor da polpa
das sementes
entre galhos e serpentes
quem sabe de repente
você sinta o paraíso
sendo tão delinquente
a fruta vira geleia ou aguardente
tacinha de licor ou copo de cólera
beijo ou choque nos lábios carentes
entre as cercas dos dentes
e a língua dormente
fruto em curto-círcuito
fruto com o caroço
de alvoroço e fome premente
Carlos Roberto Gutierrez
Juliany Pinheiro
poetic model
...num jeito charleston
com tudo que a noite ilustra
entre muros e cercas elétricas
identidades ecléticas
desfruta da fruta antes que apodreça
que amadureça demais e perca
o sabor do pecado
nas raízes dos seus lábios
nas cicatrizes das ruas da cidade
nos logradouros
nos sumidouros
bueiros e logros
desfruta da casca
da cor da polpa
das sementes
entre galhos e serpentes
quem sabe de repente
você sinta o paraíso
sendo tão delinquente
a fruta vira geleia ou aguardente
tacinha de licor ou copo de cólera
beijo ou choque nos lábios carentes
entre as cercas dos dentes
e a língua dormente
fruto em curto-círcuito
fruto com o caroço
de alvoroço e fome premente
Carlos Roberto Gutierrez
Juliany Pinheiro
poetic model
...num jeito charleston
sexta-feira, 13 de junho de 2014
Nalgum Lugar
Eu estava ali sentada falando ao meu vestido
Uma coisa à toa, por acaso boa
No final do verão-tropical-azul
Eu era uma cifra, charada por vezes.
Mas tinha graça, pra entender
Sua escola de idiomas lusitana.
E o caração bate sempre do mesmo jeito
Aqui era uma mão, era uma alegria, prossigo redundando
Era uma mensagem que eu não compreendia.
Eu estava ali saindo num gesto falado
Procurando becos, portão ou lampião
E o ciclo que inicia é o que parecia
Que coisas acontecem
Pegam de surpresa e acham a rotação.
E o coração bate sempre do mesmo jeito
Tinha lentes, em outras coisas via os dois rostos
Na avenida daquele samba, a se revelarem
Um desfolhar que agora eu já entendia
Muito além do que quero chegar
Via em mim o impossível ou possível, apenas
Talvez, o coração bate sempre do mesmo jeito
Desirée Gomes
Uma coisa à toa, por acaso boa
No final do verão-tropical-azul
Eu era uma cifra, charada por vezes.
Mas tinha graça, pra entender
Sua escola de idiomas lusitana.
E o caração bate sempre do mesmo jeito
Aqui era uma mão, era uma alegria, prossigo redundando
Era uma mensagem que eu não compreendia.
Eu estava ali saindo num gesto falado
Procurando becos, portão ou lampião
E o ciclo que inicia é o que parecia
Que coisas acontecem
Pegam de surpresa e acham a rotação.
E o coração bate sempre do mesmo jeito
Tinha lentes, em outras coisas via os dois rostos
Na avenida daquele samba, a se revelarem
Um desfolhar que agora eu já entendia
Muito além do que quero chegar
Via em mim o impossível ou possível, apenas
Talvez, o coração bate sempre do mesmo jeito
Desirée Gomes
BLUE JEANS
know
she is so beautiful
in a blue jeans
and still more Lewis
youth that does not end
know
this jeans is same magical
fits and does not push
is always comfortable
for those who use
and who looks
discrete or indiscreetly
know
this jeans is more than a clothing
more than a vest
is a poem in indigo blue
that at each washed
on the machine or on the rocks
gets more beautiful
a faded smile
that shines over the enamel
know
this jeans is for any time
any journey
when he jumps or crawls
basic five pockets
the emblem of diligence
a golden button to fire and sword
six rivets which mimic
the wheels of the carriage
know
this jeans is perfect base
to be mild or wild
as love and passion
Carlos Roberto Gutierrez
she is so beautiful
in a blue jeans
and still more Lewis
youth that does not end
know
this jeans is same magical
fits and does not push
is always comfortable
for those who use
and who looks
discrete or indiscreetly
know
this jeans is more than a clothing
more than a vest
is a poem in indigo blue
that at each washed
on the machine or on the rocks
gets more beautiful
a faded smile
that shines over the enamel
know
this jeans is for any time
any journey
when he jumps or crawls
basic five pockets
the emblem of diligence
a golden button to fire and sword
six rivets which mimic
the wheels of the carriage
know
this jeans is perfect base
to be mild or wild
as love and passion
Carlos Roberto Gutierrez
quinta-feira, 12 de junho de 2014
Sonho Azul
Sonho Azul
não me interrompa
estou fatigado
caío na cama
estatelado
estatelado
sem tirar a roupa
ou o surrado calçado
mesmo assim
vejo projetada em uma das paredes do meu quarto
a sua bela imagem
e os meus olhos mesmo cansados
ficam esticados
aos traços delicados
que brotam da parede
e o calcário vira relicario
um céu que se espalha
Sonho azul
que venha o céu ou o mar
ou mesmo um lago
para eu me jogar
ou me salvar
Sonho azul mesmo sob a chuva ácida
a sua imagem plácida
é um guarda chuva
que furtei de uma tela de Magritte
uma visão surrealista
seu vestido estica
sobre os meus olhos
e eles então se modificam
tornam-se brilhantes novamente
ah seu rosto inocente
DEDOS
os dedos indefesos
pousam no ombro
na plataforma omoplata
próximos da face
inclinada
sob a perspectiva do silencio
os dedos
sem os pulsos
e impulsos
não são nada
Carlos Roberto Gutierrez
foto Alex Howitt
pousam no ombro
na plataforma omoplata
próximos da face
inclinada
sob a perspectiva do silencio
os dedos
sem os pulsos
e impulsos
não são nada
Carlos Roberto Gutierrez
foto Alex Howitt
Olhos de Ressaca
Olhos de Ressaca
E na estreita calçada dos meus sentidos
desfila sua sintaxe enigmática
aos meus olhos de ressaca
Desordenado, breve ou tarde,
clareia com preto e branco
minhas cores zebradas
Sim, as cartas já foram postas
a mesa forrada em tom azulado
um réu a espera do outro a caminhar
pelos trilhos reluzentes do inimaginável.
Os flocos de neve entram leves como numa valsa
na chaminé voluptuosa sedenta por dizeres abrasivos
Uma efêmera pretensão de seus pensamentos descongelar.
Me faz companhia ao café fraco?
Enquanto isso podemos destilar emoções toleráveis
até que o cálice transborde ao relento
os medos vencidos
os estilhaços se juntam
dizendo um ao outro como frágeis são os limites,
um relicário
.
Os sonhos, acordada ainda os verei,
desfilando em minha calçada.
Desirée Gomes
E na estreita calçada dos meus sentidos
desfila sua sintaxe enigmática
aos meus olhos de ressaca
Desordenado, breve ou tarde,
clareia com preto e branco
minhas cores zebradas
Sim, as cartas já foram postas
a mesa forrada em tom azulado
um réu a espera do outro a caminhar
pelos trilhos reluzentes do inimaginável.
Os flocos de neve entram leves como numa valsa
na chaminé voluptuosa sedenta por dizeres abrasivos
Uma efêmera pretensão de seus pensamentos descongelar.
Me faz companhia ao café fraco?
Enquanto isso podemos destilar emoções toleráveis
até que o cálice transborde ao relento
os medos vencidos
os estilhaços se juntam
dizendo um ao outro como frágeis são os limites,
um relicário
.
Os sonhos, acordada ainda os verei,
desfilando em minha calçada.
Desirée Gomes
Todo Garoto
Todo garoto
tímido ou maroto
sonha em conquistar
a sua primeira namorada
e claro todo garoto
sonha a mais linda
com jeito de fada
e mistérios de bruxa
na realidade ainda esdrúxula
e pouco compreendida
Todo garoto
fica na fila fica na fita
não evita a atração
inédita de assistir um filme
dentro do cinema
de sonhar acordado
e procurar entre cenas e cenas
a sua partner
Todo garoto quer se sobressair
na turma na escola na lanchonete
na balada na ressaca das horas
Todo garoto imagina planeja
almeja a garota que o veja
de uma forma apaixonada
Todo garoto tenta de alguma forma
impressionar o seu primeiro amor
seja com versos olhares discretos
bombons e marzipãs
Todo o garoto no afã de agradar
é capaz de furtar uma maçã ou uma flor
ou juntas que lembrem um vestido colegial
e o olhar terno como o de Karen Carpenter
Todo garoto sonha...
muitas vezes demora encontrar
demora tanto que o garoto vai embora
mas o lenço da lembrança
o traz de volta...
Carlos Roberto Gutierrez
tímido ou maroto
sonha em conquistar
a sua primeira namorada
e claro todo garoto
sonha a mais linda
com jeito de fada
e mistérios de bruxa
na realidade ainda esdrúxula
e pouco compreendida
Todo garoto
fica na fila fica na fita
não evita a atração
inédita de assistir um filme
dentro do cinema
de sonhar acordado
e procurar entre cenas e cenas
a sua partner
Todo garoto quer se sobressair
na turma na escola na lanchonete
na balada na ressaca das horas
Todo garoto imagina planeja
almeja a garota que o veja
de uma forma apaixonada
Todo garoto tenta de alguma forma
impressionar o seu primeiro amor
seja com versos olhares discretos
bombons e marzipãs
Todo o garoto no afã de agradar
é capaz de furtar uma maçã ou uma flor
ou juntas que lembrem um vestido colegial
e o olhar terno como o de Karen Carpenter
Todo garoto sonha...
muitas vezes demora encontrar
demora tanto que o garoto vai embora
mas o lenço da lembrança
o traz de volta...
Carlos Roberto Gutierrez
segunda-feira, 9 de junho de 2014
domingo, 8 de junho de 2014
NO BISTRÔ
NO BISTRÔ
No bistrô
num ambiente retrô
elas estão tricotando
jogando conversa fora
mal pressentem
que eu estou ao lado
invisível
alimentando o meu lado fantasma
dividido entre as duas
tão lindas e inspiradoras
no bistrô
agora a tarde
e no pub ao anoitecer
Desirée e Juliany
todo o charme francês
que o meu olhar
se tornou freguês
pago em versos
e confesso
quando não posso vê-las
os meus olhos destilam
lágrimas perfumadas
em Chanel número 5
No bistrô
num ambiente retrô
elas estão tricotando
jogando conversa fora
mal pressentem
que eu estou ao lado
invisível
alimentando o meu lado fantasma
dividido entre as duas
tão lindas e inspiradoras
no bistrô
agora a tarde
e no pub ao anoitecer
Desirée e Juliany
todo o charme francês
que o meu olhar
se tornou freguês
pago em versos
e confesso
quando não posso vê-las
os meus olhos destilam
lágrimas perfumadas
em Chanel número 5
Carlos Roberto Gutierrez
sábado, 7 de junho de 2014
sexta-feira, 6 de junho de 2014
CAVERNA
ENTRE TAPUMES
E TIJOLOS COLORIDOS
UMA CAVEIRA HIBERNA
EM IMPROVISADA CAVERNA
ENQUANTO A GAROTA VESTIDA DE NEGRO MEDITA
EM CLAROS PENSAMENTOS
A PAISAGEM EXISTE E HESITA... —
JULIANY E A SUA LUZ
EM CONTRASTE COM O SEU LOOK
NADA QUE OFUSQUE
NEM O BREU E O BETUME
O LAMPEJO DE UM NOVO RUMO
Carlos Roberto Gutierrez
Juliany Pinheiro
poetic model
E TIJOLOS COLORIDOS
UMA CAVEIRA HIBERNA
EM IMPROVISADA CAVERNA
ENQUANTO A GAROTA VESTIDA DE NEGRO MEDITA
EM CLAROS PENSAMENTOS
A PAISAGEM EXISTE E HESITA... —
JULIANY E A SUA LUZ
EM CONTRASTE COM O SEU LOOK
NADA QUE OFUSQUE
NEM O BREU E O BETUME
O LAMPEJO DE UM NOVO RUMO
Carlos Roberto Gutierrez
Juliany Pinheiro
poetic model
Canção Adolescente
Canção Adolescente
Eu quis fazer uma canção adolescente
que não fosse aborrecente
que resolvesse todo o QUIZ
e todos os XIS dos problemas
e preservasse o lado inocente de viver
Não imaginava que fosse tão difícil
como encontrar a figurinha carimbada
do álbum ilustrado
ou solucionar o cubo mágico
Fazê-la sem sê-la tão conivente
a interesses tão mesquinhamente adultos
- malditos vultos - estraga-prazeres
Eu quis fazer uma canção adolescente
com a cara de fracasso de Charlie Brown
e as peripécias de Snoopy
e a elasticidade do estilingue
que só atinge o canto dos pássaros
e assim abafar os resmungos de Marcie
com doces colibris beijos
e extirpar os fungos com novas flores
e fazer o amor sobrepor o bolor do rancor
no vapor de uma réplica de locomotiva
emotiva a todos os trilhos
Eu quis trazer de volta
na revolta desses tempos duros e cruéis
a algazarra das matinés
quando assistia pela oitava vez consecutiva
os Reis do Iê-Iê-Iê
Eu quis lembrar todos os volteios
todos as opções
enquanto olhava os encaixes
do meu canivete de escoteiro
todos os ensaios
para tentar tocar os seus dedos
Eu quis ser natural como um banho de rio
como a água que jorra de uma cachoeira
Eu quis lhe surpreender como uma chuva de verão
tão natural qual o esvoaçar da crina de um cavalo
no resvalo do vento vâssalo
Eu quis girar o carrossel
e ser o corcel que você escolheu
para flutuar os seus sonhos
Eu quis fazer uma canção adolescente
despreocupada e inconsequente
sem justas causas e prováveis efeitos
apenas o encanto efêmero de uma brincadeira
Uma canção de acordes básicos
e doces melodias
Uma canção fácil que virasse o dia
seguisse a noite em sonho ou vígilia
e no assobio do banho matinal
que se integrasse ao cereal
ao espêsso mel e à mordida da maçã
atraente vermelha
que fosse absorvida por um sorriso
que trouxesse em um canto da boca
o lado erótico e sensual
e no outro canto o lado emotivo e de espanto
de quem se prepara para o primeiro beijo
Um som que pulasse como um grilo
e a tocasse como o bote fatal de uma serpente
Uma canção em que eu pudesse vê-la
no céu da minha imaginação
e gravá-la para sempre
no Junglebox do meu coração...
e a ficha se viciasse nessa canção
Eu quis fazer uma canção adolescente
que não fosse aborrecente
que resolvesse todo o QUIZ
e todos os XIS dos problemas
e preservasse o lado inocente de viver
Não imaginava que fosse tão difícil
como encontrar a figurinha carimbada
do álbum ilustrado
ou solucionar o cubo mágico
Fazê-la sem sê-la tão conivente
a interesses tão mesquinhamente adultos
- malditos vultos - estraga-prazeres
Eu quis fazer uma canção adolescente
com a cara de fracasso de Charlie Brown
e as peripécias de Snoopy
e a elasticidade do estilingue
que só atinge o canto dos pássaros
e assim abafar os resmungos de Marcie
com doces colibris beijos
e extirpar os fungos com novas flores
e fazer o amor sobrepor o bolor do rancor
no vapor de uma réplica de locomotiva
emotiva a todos os trilhos
Eu quis trazer de volta
na revolta desses tempos duros e cruéis
a algazarra das matinés
quando assistia pela oitava vez consecutiva
os Reis do Iê-Iê-Iê
Eu quis lembrar todos os volteios
todos as opções
enquanto olhava os encaixes
do meu canivete de escoteiro
todos os ensaios
para tentar tocar os seus dedos
Eu quis ser natural como um banho de rio
como a água que jorra de uma cachoeira
Eu quis lhe surpreender como uma chuva de verão
tão natural qual o esvoaçar da crina de um cavalo
no resvalo do vento vâssalo
Eu quis girar o carrossel
e ser o corcel que você escolheu
para flutuar os seus sonhos
Eu quis fazer uma canção adolescente
despreocupada e inconsequente
sem justas causas e prováveis efeitos
apenas o encanto efêmero de uma brincadeira
Uma canção de acordes básicos
e doces melodias
Uma canção fácil que virasse o dia
seguisse a noite em sonho ou vígilia
e no assobio do banho matinal
que se integrasse ao cereal
ao espêsso mel e à mordida da maçã
atraente vermelha
que fosse absorvida por um sorriso
que trouxesse em um canto da boca
o lado erótico e sensual
e no outro canto o lado emotivo e de espanto
de quem se prepara para o primeiro beijo
Um som que pulasse como um grilo
e a tocasse como o bote fatal de uma serpente
Uma canção em que eu pudesse vê-la
no céu da minha imaginação
e gravá-la para sempre
no Junglebox do meu coração...
e a ficha se viciasse nessa canção
Carlos Roberto Gutierrez
Tarde Intensa
Tarde Intensa
Tarde psicodélica...
conversas, amiga, risos, conceito ou anti-conceito
Aroma de café no quarto,
Smiths cantando no mais alto volume
medos e arrependimento leve
Unhas vermelhas, desenhos e roupas novas
Planos, fotos e livros
Cabelo novo, mais camaleônica impossível!
Cinema, óculos e chopp
cigarros e um sabor doce forte na boca, de querer tudo novamente
Banho quente e roupas sonolentas
E ainda peço mais
e mais e
mais...
te ver ainda hoje.
Um arremate dourado no dia prateado e reluzente.
Te mando beijos, brandos ou efusivos, beijos apenas, meu amor
Desirée Gomes
Tarde psicodélica...
conversas, amiga, risos, conceito ou anti-conceito
Aroma de café no quarto,
Smiths cantando no mais alto volume
medos e arrependimento leve
Unhas vermelhas, desenhos e roupas novas
Planos, fotos e livros
Cabelo novo, mais camaleônica impossível!
Cinema, óculos e chopp
cigarros e um sabor doce forte na boca, de querer tudo novamente
Banho quente e roupas sonolentas
E ainda peço mais
e mais e
mais...
te ver ainda hoje.
Um arremate dourado no dia prateado e reluzente.
Te mando beijos, brandos ou efusivos, beijos apenas, meu amor
Desirée Gomes
quinta-feira, 5 de junho de 2014
ATMOSPHERE
atmosphere
All this waiting
The cage and the beast
covered by dense smoke
thin and cold drizzle
that wanton
hair and thoughts
The uniform light
Projector Films
the old cinema
the rustle of glossy paper
covering drops
replacing the words
and down errant
in our mouths
and canyons
the kiss in capsules
tablets wishes
within goodies
our joined hands
excessive sweating
so rewarding to be with you
in matinee
or soiré
stayed in the pitch dark
in silence
and yet both confessed
each other
you are my mirror
I am your reflection
and otherwise
conversation within the silence
The atmosphere of love
that thrives
in every sphere of our dreams!
Carlos Roberto Gutierrez
All this waiting
The cage and the beast
covered by dense smoke
thin and cold drizzle
that wanton
hair and thoughts
The uniform light
Projector Films
the old cinema
the rustle of glossy paper
covering drops
replacing the words
and down errant
in our mouths
and canyons
the kiss in capsules
tablets wishes
within goodies
our joined hands
excessive sweating
so rewarding to be with you
in matinee
or soiré
stayed in the pitch dark
in silence
and yet both confessed
each other
you are my mirror
I am your reflection
and otherwise
conversation within the silence
The atmosphere of love
that thrives
in every sphere of our dreams!
Carlos Roberto Gutierrez
O AMOR É PAR
O AMOR É PAR
Rapidamente desenho a giz
a superfície da vida em quadrinhos
A renúncia intuída de um beijo estréia a rebeldia
e num tropeço o chapéu ao chão indaga as respostas
Surdamente decola a usada Bossa Nova, chave a delicadeza
molhando os ouvidos de ausência frequentada
e versos demitidos
Rapidamente faço ecoar a vitrola
um mundo real, empoeirado pelos furacões temperos
Abro a caixa de memórias, nem grande nem pequena
as arestas das lembranças suavizadas por aromas contemplados
espio como se o passado fosse só nosso.
Rapidamente falo
e o sabor da conversa se localiza na grafia
freneticamente barganho o silêncio alto
Piano sórdido, vozes e janelas
as emoções correm não sei para onde
sob o viaduto sintetizado constrói a ameaça, um pouco sentimental
Devagar fito e meço
ângulos oblíquos extremos dessa longitude
sem mistério e fatídico
o amor é par!
Desirée Gomes
ROSA CHOQUE
Vou ficar até o fim da noite
e quem sabe a madrugada
não importa o frio
neve e geada
decorando o seu jardim
cada pétala tatuada em seu corpo
e em seu vestido rosa
mais poesia do que prosa
Vou ficar a noite inteira
com a sua imagem congelada
e sentir todo o perfume
que ela evapora
como um elixir
capaz de atrair qualquer colibri
aromatizando toda a paisagem
Vou ficar até o fim da noite
e no avanço da madrugada
como um espinho insistente
que fere adere na pele
mas não se ressente
porque sabe que ferir
mesmo sem querer
faz parte da sua natureza
Ah esse vestido rosa
é o sangue do desejo
depurado em amor
Carlos Roberto Gutierrez
poetic model
Juliany Pinheiro
e quem sabe a madrugada
não importa o frio
neve e geada
decorando o seu jardim
cada pétala tatuada em seu corpo
e em seu vestido rosa
mais poesia do que prosa
Vou ficar a noite inteira
com a sua imagem congelada
e sentir todo o perfume
que ela evapora
como um elixir
capaz de atrair qualquer colibri
aromatizando toda a paisagem
Vou ficar até o fim da noite
e no avanço da madrugada
como um espinho insistente
que fere adere na pele
mas não se ressente
porque sabe que ferir
mesmo sem querer
faz parte da sua natureza
Ah esse vestido rosa
é o sangue do desejo
depurado em amor
Carlos Roberto Gutierrez
poetic model
Juliany Pinheiro
KAFKA
foto de Revista CULT.
o melhor escritor de todos os tempos
Metamorfose contemporânea
90 anos após a morte de Franz Kafka suas obras transcendem o século passado e permanecem atuais
http://goo.gl/kdrTdm
90 anos após a morte de Franz Kafka suas obras transcendem o século passado e permanecem atuais
http://goo.gl/kdrTdm
90 anos da morte de Franz Kafka.
A grande metamorfose de Kafka aconteceu em 3 de junho de 1924 quando, depois de muito sofrimento causado pela Tuberculose, ele finalmente descansou. Robert Klopstock, seu grande amigo, acompanhou os últimos dias do escritor, como mostra o trecho do livro "Kafka" da série Biografias L&PM. Leia lá no blog: http://bit.ly/1rHbecU
A grande metamorfose de Kafka aconteceu em 3 de junho de 1924 quando, depois de muito sofrimento causado pela Tuberculose, ele finalmente descansou. Robert Klopstock, seu grande amigo, acompanhou os últimos dias do escritor, como mostra o trecho do livro "Kafka" da série Biografias L&PM. Leia lá no blog: http://bit.ly/1rHbecU
VARAL
VARAL
VESTIDOS ANÁGUAS E REGATAS
SE ACOMODAM E SE ENTRELAÇAM
SOBRE O FRÁGIL VARAL
QUE COBRE O OLHO DE PEDRA BEIRAL
DA FACE PÉTREA E CORROÍDA
DE UMA PAREDE AINDA COM SEDE
DE REFLETIR O TEMPO
HÁ UMA REGATA VERDE LIMÃO
FOSFORESCENTE QUE RESGATA
A FRUTA ÁCIDA MERGULHADA NO RUM...
EM OUTRA ÉPOCA EU TINHA APENAS UM JEANS
CONHECIA CADA REBITE
CUIDAVA COM ZELO CADA SELO DE COURO OU TECIDO
CONHECIA CADA TRAMA DA COSTURA AMARELA
E SOBRE O JEANS A CAMISETA COM UM RETRATO DE CHE GUEVARA
HÁ TANTAS ROUPAS SOBRE O VARAL
QUE ELE CONVERGE
A SEDA CONCEDE UM BEIJO NO RÚSTICO ALGODÃO
A LINGERIE NÃO LIGA E SE ESFREGA AO QUE FOI UMA CALÇA LEE
AS ROUPAS ESPERAM SECAR E COBREM A JANELA
ENQUANTO ATRÁS DELA ALGUÉM AS VÊ FLUTUAR
AO SABOR DOS VENTOS
Carlos Roberto Gutierrez
para não perder a foto
para preservar a imagem poética
para lembrar que Havana ainda existe
e Cuba resiste
e que ainda há um elo mesmo enferrujado
atrelado aos Anos Dourados
é que ainda alguém possa ser belo
mesmo com uma muda de roupas
e um "puro" apagado na boca...
um Simca Chambord ainda finca
o seu rabo de peixe no fraturado asfalto...
(foto: Nelson de Souza, feita em Havana - Cuba)
VESTIDOS ANÁGUAS E REGATAS
SE ACOMODAM E SE ENTRELAÇAM
SOBRE O FRÁGIL VARAL
QUE COBRE O OLHO DE PEDRA BEIRAL
DA FACE PÉTREA E CORROÍDA
DE UMA PAREDE AINDA COM SEDE
DE REFLETIR O TEMPO
HÁ UMA REGATA VERDE LIMÃO
FOSFORESCENTE QUE RESGATA
A FRUTA ÁCIDA MERGULHADA NO RUM...
EM OUTRA ÉPOCA EU TINHA APENAS UM JEANS
CONHECIA CADA REBITE
CUIDAVA COM ZELO CADA SELO DE COURO OU TECIDO
CONHECIA CADA TRAMA DA COSTURA AMARELA
E SOBRE O JEANS A CAMISETA COM UM RETRATO DE CHE GUEVARA
HÁ TANTAS ROUPAS SOBRE O VARAL
QUE ELE CONVERGE
A SEDA CONCEDE UM BEIJO NO RÚSTICO ALGODÃO
A LINGERIE NÃO LIGA E SE ESFREGA AO QUE FOI UMA CALÇA LEE
AS ROUPAS ESPERAM SECAR E COBREM A JANELA
ENQUANTO ATRÁS DELA ALGUÉM AS VÊ FLUTUAR
AO SABOR DOS VENTOS
Carlos Roberto Gutierrez
para não perder a foto
para preservar a imagem poética
para lembrar que Havana ainda existe
e Cuba resiste
e que ainda há um elo mesmo enferrujado
atrelado aos Anos Dourados
é que ainda alguém possa ser belo
mesmo com uma muda de roupas
e um "puro" apagado na boca...
um Simca Chambord ainda finca
o seu rabo de peixe no fraturado asfalto...
(foto: Nelson de Souza, feita em Havana - Cuba)
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