Um haicai não saí
quando a gente deseja
caí fluí goteja
recortes de seda
linha megera de cerol
sonhos frustrados
pombo no beiral
pipa estrangulada
ave assustada
paredes mudas
amortecendo gritos
marcas de silencio
cortinas leves
ambientes pesados
bocejo das horas
Carlos Roberto Gutierrez
POESÓ
TUDO PODE VIRAR PÓ
OU
POEMA
OU
POEMA
segunda-feira, 30 de junho de 2014
sexta-feira, 27 de junho de 2014
ESPERA
Posso sentar e esperar o poema batente a porta
É bom, enquanto isso olho pela janela
Não que a paisagem esteja diferente, ao contrário
Fielmente igual ao sempre
Mas a brisa que bate me presenteia com olhos diferentes
Por eles posso escolher as cores, desenhos, rostos, e lugares
Fico entre a noite da Lapa e a manhã siberiana
A avenida barulhenta e a trilha acidentada,
Mas quero mesmo os cassinos de Vegas ou calçadas da Augusta.
Pensei em segurar os ponteiros do relógio, o tempo
Não parece tão gentil comigo.
Que seja, que venha..
Se a madrugada me atirar a cama querendo me pôr a assistir sonhos,
Entre pela porta quase aberta,se junte ao meu travesseiro
Iremos juntos aos cassinos e calçadas,
Vista seu terno risca de giz, abra a champagne e ascenda o charuto
Teremos tempo para um can-can, ou bossa nova
Se preferir o quarto, dispa-se do simbolismo e
Acorde-me, com o beijo apaixonado.
Desirée Gomes
É bom, enquanto isso olho pela janela
Não que a paisagem esteja diferente, ao contrário
Fielmente igual ao sempre
Mas a brisa que bate me presenteia com olhos diferentes
Por eles posso escolher as cores, desenhos, rostos, e lugares
Fico entre a noite da Lapa e a manhã siberiana
A avenida barulhenta e a trilha acidentada,
Mas quero mesmo os cassinos de Vegas ou calçadas da Augusta.
Pensei em segurar os ponteiros do relógio, o tempo
Não parece tão gentil comigo.
Que seja, que venha..
Se a madrugada me atirar a cama querendo me pôr a assistir sonhos,
Entre pela porta quase aberta,se junte ao meu travesseiro
Iremos juntos aos cassinos e calçadas,
Vista seu terno risca de giz, abra a champagne e ascenda o charuto
Teremos tempo para um can-can, ou bossa nova
Se preferir o quarto, dispa-se do simbolismo e
Acorde-me, com o beijo apaixonado.
Desirée Gomes
FLOR DE LÓTUS
FLOR DE LÓTUS
tradução livre
:Eu clandestino em seu destino
entrarei em um dos bolsos do seu jeans
que transplanta em seu brim
o céu mais lindo
e o mar mais profundo
entrarei invisível
detergente neutro
sem vestígios
para trilhar o seu caminho
enquanto você não perceber
enquanto eu não for uma pedra ou um espinho
vou me encolher
deslizar até desaparecer
na ranhura do bolso
do algodão rústico
mesmo que eu me corte
não importa...
nada pode mais me machucar...
talvez o bolso escolhido
não seja tão amplo quanto o meu coração vazio
mas eu sou perito em voar
mesmo sob um céu sombrio
e um espaço aéreo vigiado
posso enraizar as minhas asas
e ouso o pouso da sua liberdade
podemos ser livres
mesmo presos às circunstâncias
distância e acasos
eu sempre a vejo
como uma flor de lótus
que se abre e acolhe
a mão de quem ela não escolhe
mas que sabe
desperta pétala ou espinho
da curiosidade
Carlos Roberto Gutierrez
https://www.youtube.com/watch?v=cfOa1a8hYP8
tradução livre
:Eu clandestino em seu destino
entrarei em um dos bolsos do seu jeans
que transplanta em seu brim
o céu mais lindo
e o mar mais profundo
entrarei invisível
detergente neutro
sem vestígios
para trilhar o seu caminho
enquanto você não perceber
enquanto eu não for uma pedra ou um espinho
vou me encolher
deslizar até desaparecer
na ranhura do bolso
do algodão rústico
mesmo que eu me corte
não importa...
nada pode mais me machucar...
talvez o bolso escolhido
não seja tão amplo quanto o meu coração vazio
mas eu sou perito em voar
mesmo sob um céu sombrio
e um espaço aéreo vigiado
posso enraizar as minhas asas
e ouso o pouso da sua liberdade
podemos ser livres
mesmo presos às circunstâncias
distância e acasos
eu sempre a vejo
como uma flor de lótus
que se abre e acolhe
a mão de quem ela não escolhe
mas que sabe
desperta pétala ou espinho
da curiosidade
Carlos Roberto Gutierrez
https://www.youtube.com/watch?v=cfOa1a8hYP8
domingo, 22 de junho de 2014
Vento da Nostalgia
"Para afastar o incômodo vento da nostalgia"
Seus beijos súbitos e súditos afastaram todos os ventos.
Quero ver!
A transcrição das pistas
No seu arquivo a imagem
Nos meus olhos a chegada
Pólvora que traz luz
Quero ver!
Escapulir lembranças
Caminhos secretos entre nós
Margaridas a lamentar
Dias e dias...
Quero ver!
O ata e desata a lhe salvar
A corda vermelha no chão
O pecado de lhe deixar, jamais
Mão sequiosas de lhe afagar
Quero ver!
O que você captou
Um retrato que nunca guardou
Beijo no canto da boca
Súbitos e súditos
Quero ver!
Quero ouvir!
Quero ter!
Vim pra lhe ver!
Na margem do seu sorriso
Desirée Gomes
ALPARGATAS
Nem todas as gatas são pardas
algumas são iluminadas
caminham e flutuam
como confortáveis alpargatas
Nem todas as gatas são pardas
algumas brilham
na aurora
na madrugada
escalam escadas de sonhos
arranham os abismos
acariciam as alamedas
como se as palmilhas
fossem de seda
Nem todas as gatas são pardas
Nem todas as alpargatas são súblimes
como esta que se faz capa
e não derrapa...
escapa em aventuras
Carlos Roberto Gutierrez
algumas são iluminadas
caminham e flutuam
como confortáveis alpargatas
Nem todas as gatas são pardas
algumas brilham
na aurora
na madrugada
escalam escadas de sonhos
arranham os abismos
acariciam as alamedas
como se as palmilhas
fossem de seda
Nem todas as gatas são pardas
Nem todas as alpargatas são súblimes
como esta que se faz capa
e não derrapa...
escapa em aventuras
Carlos Roberto Gutierrez
NÉON
NÉON
status de Art for ever.
néon
luzes em profusão
frisson
tráfego iluminado
a rua desperta
a calçada boceja
o muro se espanta
a poeira levanta
o lume betume do asfalto
a noite não mais se finge
se tinge
e os seus olhos vermelhos
desvendam os segredos
da concreta esfinge
Carlos Roberto Gutierrez
Amazing Traffic Lights Photographs by Lucas Zimmermann
http://www.paintingandart.com/amazing-traffic-lights-photographs-by-lucas-zimmermann/ (5 fotos)
status de Art for ever.
néon
luzes em profusão
frisson
tráfego iluminado
a rua desperta
a calçada boceja
o muro se espanta
a poeira levanta
o lume betume do asfalto
a noite não mais se finge
se tinge
e os seus olhos vermelhos
desvendam os segredos
da concreta esfinge
Carlos Roberto Gutierrez
Amazing Traffic Lights Photographs by Lucas Zimmermann
http://www.paintingandart.com/amazing-traffic-lights-photographs-by-lucas-zimmermann/ (5 fotos)
TATUAGEM
poesia na pele
viagem na epiderme
tudo que impele
tribos e trilhas
em busca de aventuras
afastar os vermes
e juntar ilhas
poesia sobre a pele
roteiro gravado em poros
tudo que exploro
em versos concretos
palavras trilhos
brilhos de todas as letras
uma mochila que não pesa
poesia na pele
poema que se move
e se torna elástico
no encanto plástico
de uma obra de arte
que faz parte
do corpo
que é mais do que matéria
tecidos ossos artérias
músculos
crepúsculos de esperas
do corpo que protege
a alma que emerge
sempre terna
Carlos Roberto Gutierrez
poetic model
Juliany Pinheiro
viagem na epiderme
tudo que impele
tribos e trilhas
em busca de aventuras
afastar os vermes
e juntar ilhas
poesia sobre a pele
roteiro gravado em poros
tudo que exploro
em versos concretos
palavras trilhos
brilhos de todas as letras
uma mochila que não pesa
poesia na pele
poema que se move
e se torna elástico
no encanto plástico
de uma obra de arte
que faz parte
do corpo
que é mais do que matéria
tecidos ossos artérias
músculos
crepúsculos de esperas
do corpo que protege
a alma que emerge
sempre terna
Carlos Roberto Gutierrez
poetic model
Juliany Pinheiro
quinta-feira, 19 de junho de 2014
DESCORTINA
foto de Adore Noir Magazine.
By Jane Wang.
https://www.facebook.com/jane.wang.3150
descortina
esvoaçante
aerosol
escolha a canção preferida
colha o silencio dos meus olhos
fascinados
na transparência
e nos relevos
releve as grades
os vidros
vidrados
pelo vibrar
da sua beleza
invada
assuste
um quarto indefeso
um abajur titubeante
um criado mudo
que sonha ser ventrículo
de um cubículo
onde possa se concentrar um sonho
descortina
descontínua
desvia todo um destino
redemoinho
clandestino
o primeiro badalo de um sino
Carlos Roberto Gutierrez
By Jane Wang.
https://www.facebook.com/jane.wang.3150
descortina
esvoaçante
aerosol
escolha a canção preferida
colha o silencio dos meus olhos
fascinados
na transparência
e nos relevos
releve as grades
os vidros
vidrados
pelo vibrar
da sua beleza
invada
assuste
um quarto indefeso
um abajur titubeante
um criado mudo
que sonha ser ventrículo
de um cubículo
onde possa se concentrar um sonho
descortina
descontínua
desvia todo um destino
redemoinho
clandestino
o primeiro badalo de um sino
Carlos Roberto Gutierrez
terça-feira, 17 de junho de 2014
ATÉ MAIS VER
Até Mais Ver
Vim te visitar de mãos abanando,
sem um mísero vintém de frase feita,
nenhum tostão poético
mas não pude deixar de bater à sua porta,
pisar na grama verde do seu jardim,
abrir o portão pesado,
ruído pelo tempo
- foi intensamente irresistível,
dizer da noite quente,
do dia cheio,
do prato na mesa.
Não vim trazendo novidades
tão pouco a medida do bonfim,
sei lá, só queria vir
ver de canto, seu canto - cantar.
Foi de súbito, visita breve.
Foi olhar no seu muro,
reprimir a vontade, em vão,
abrir portões,
cheirar as flores,
atravessar suas roupas
e invadir sua alma épica
pra dizer boa noite, noite boa.
Sem cálculos ou demoras.
Farei agora o inverso do caminho.
Até mais ver!
Desirée Gomes
Vim te visitar de mãos abanando,
sem um mísero vintém de frase feita,
nenhum tostão poético
mas não pude deixar de bater à sua porta,
pisar na grama verde do seu jardim,
abrir o portão pesado,
ruído pelo tempo
- foi intensamente irresistível,
dizer da noite quente,
do dia cheio,
do prato na mesa.
Não vim trazendo novidades
tão pouco a medida do bonfim,
sei lá, só queria vir
ver de canto, seu canto - cantar.
Foi de súbito, visita breve.
Foi olhar no seu muro,
reprimir a vontade, em vão,
abrir portões,
cheirar as flores,
atravessar suas roupas
e invadir sua alma épica
pra dizer boa noite, noite boa.
Sem cálculos ou demoras.
Farei agora o inverso do caminho.
Até mais ver!
Desirée Gomes
UNHAS
UNHAS
Unhas
Um verde oliva
saliva no vermelho dos lábios
Um verde azeitona
não se remove nem com generosa acetona
de tão lindo impregna-se nas redomas das unhas
que supunhas arrepios
e testes de sensibilidades
Um verde pistache
que destaque
e jamais decalque
as palavras quando ditassem recalques
pelas mãos e pelos gestos
que complementam
a linguagem luminosa dos olhos discretos
e a voz que se resguarda
e seleciona somente segredos
Posso vê-los
os seus delicados dedos
incisivos alicates
empurrando os meus dedos
com a perícia das espátulas
e a remoção das cutículas
Ah! suas mãos que eu sonho
que invejam os olhos da manicure
em passeios por jardins e bosques
e tudo que enrosque em pétalas
e se liberam em borboletas!
Carlos Roberto Gutierrez
Unhas
Um verde oliva
saliva no vermelho dos lábios
Um verde azeitona
não se remove nem com generosa acetona
de tão lindo impregna-se nas redomas das unhas
que supunhas arrepios
e testes de sensibilidades
Um verde pistache
que destaque
e jamais decalque
as palavras quando ditassem recalques
pelas mãos e pelos gestos
que complementam
a linguagem luminosa dos olhos discretos
e a voz que se resguarda
e seleciona somente segredos
Posso vê-los
os seus delicados dedos
incisivos alicates
empurrando os meus dedos
com a perícia das espátulas
e a remoção das cutículas
Ah! suas mãos que eu sonho
que invejam os olhos da manicure
em passeios por jardins e bosques
e tudo que enrosque em pétalas
e se liberam em borboletas!
Carlos Roberto Gutierrez
segunda-feira, 16 de junho de 2014
DESFRUTA
desfruta e não se frustra
com tudo que a noite ilustra
entre muros e cercas elétricas
identidades ecléticas
desfruta da fruta antes que apodreça
que amadureça demais e perca
o sabor do pecado
nas raízes dos seus lábios
nas cicatrizes das ruas da cidade
nos logradouros
nos sumidouros
bueiros e logros
desfruta da casca
da cor da polpa
das sementes
entre galhos e serpentes
quem sabe de repente
você sinta o paraíso
sendo tão delinquente
a fruta vira geleia ou aguardente
tacinha de licor ou copo de cólera
beijo ou choque nos lábios carentes
entre as cercas dos dentes
e a língua dormente
fruto em curto-círcuito
fruto com o caroço
de alvoroço e fome premente
Carlos Roberto Gutierrez
Juliany Pinheiro
poetic model
...num jeito charleston
com tudo que a noite ilustra
entre muros e cercas elétricas
identidades ecléticas
desfruta da fruta antes que apodreça
que amadureça demais e perca
o sabor do pecado
nas raízes dos seus lábios
nas cicatrizes das ruas da cidade
nos logradouros
nos sumidouros
bueiros e logros
desfruta da casca
da cor da polpa
das sementes
entre galhos e serpentes
quem sabe de repente
você sinta o paraíso
sendo tão delinquente
a fruta vira geleia ou aguardente
tacinha de licor ou copo de cólera
beijo ou choque nos lábios carentes
entre as cercas dos dentes
e a língua dormente
fruto em curto-círcuito
fruto com o caroço
de alvoroço e fome premente
Carlos Roberto Gutierrez
Juliany Pinheiro
poetic model
...num jeito charleston
sexta-feira, 13 de junho de 2014
Nalgum Lugar
Eu estava ali sentada falando ao meu vestido
Uma coisa à toa, por acaso boa
No final do verão-tropical-azul
Eu era uma cifra, charada por vezes.
Mas tinha graça, pra entender
Sua escola de idiomas lusitana.
E o caração bate sempre do mesmo jeito
Aqui era uma mão, era uma alegria, prossigo redundando
Era uma mensagem que eu não compreendia.
Eu estava ali saindo num gesto falado
Procurando becos, portão ou lampião
E o ciclo que inicia é o que parecia
Que coisas acontecem
Pegam de surpresa e acham a rotação.
E o coração bate sempre do mesmo jeito
Tinha lentes, em outras coisas via os dois rostos
Na avenida daquele samba, a se revelarem
Um desfolhar que agora eu já entendia
Muito além do que quero chegar
Via em mim o impossível ou possível, apenas
Talvez, o coração bate sempre do mesmo jeito
Desirée Gomes
Uma coisa à toa, por acaso boa
No final do verão-tropical-azul
Eu era uma cifra, charada por vezes.
Mas tinha graça, pra entender
Sua escola de idiomas lusitana.
E o caração bate sempre do mesmo jeito
Aqui era uma mão, era uma alegria, prossigo redundando
Era uma mensagem que eu não compreendia.
Eu estava ali saindo num gesto falado
Procurando becos, portão ou lampião
E o ciclo que inicia é o que parecia
Que coisas acontecem
Pegam de surpresa e acham a rotação.
E o coração bate sempre do mesmo jeito
Tinha lentes, em outras coisas via os dois rostos
Na avenida daquele samba, a se revelarem
Um desfolhar que agora eu já entendia
Muito além do que quero chegar
Via em mim o impossível ou possível, apenas
Talvez, o coração bate sempre do mesmo jeito
Desirée Gomes
BLUE JEANS
know
she is so beautiful
in a blue jeans
and still more Lewis
youth that does not end
know
this jeans is same magical
fits and does not push
is always comfortable
for those who use
and who looks
discrete or indiscreetly
know
this jeans is more than a clothing
more than a vest
is a poem in indigo blue
that at each washed
on the machine or on the rocks
gets more beautiful
a faded smile
that shines over the enamel
know
this jeans is for any time
any journey
when he jumps or crawls
basic five pockets
the emblem of diligence
a golden button to fire and sword
six rivets which mimic
the wheels of the carriage
know
this jeans is perfect base
to be mild or wild
as love and passion
Carlos Roberto Gutierrez
she is so beautiful
in a blue jeans
and still more Lewis
youth that does not end
know
this jeans is same magical
fits and does not push
is always comfortable
for those who use
and who looks
discrete or indiscreetly
know
this jeans is more than a clothing
more than a vest
is a poem in indigo blue
that at each washed
on the machine or on the rocks
gets more beautiful
a faded smile
that shines over the enamel
know
this jeans is for any time
any journey
when he jumps or crawls
basic five pockets
the emblem of diligence
a golden button to fire and sword
six rivets which mimic
the wheels of the carriage
know
this jeans is perfect base
to be mild or wild
as love and passion
Carlos Roberto Gutierrez
quinta-feira, 12 de junho de 2014
Sonho Azul
Sonho Azul
não me interrompa
estou fatigado
caío na cama
estatelado
estatelado
sem tirar a roupa
ou o surrado calçado
mesmo assim
vejo projetada em uma das paredes do meu quarto
a sua bela imagem
e os meus olhos mesmo cansados
ficam esticados
aos traços delicados
que brotam da parede
e o calcário vira relicario
um céu que se espalha
Sonho azul
que venha o céu ou o mar
ou mesmo um lago
para eu me jogar
ou me salvar
Sonho azul mesmo sob a chuva ácida
a sua imagem plácida
é um guarda chuva
que furtei de uma tela de Magritte
uma visão surrealista
seu vestido estica
sobre os meus olhos
e eles então se modificam
tornam-se brilhantes novamente
ah seu rosto inocente
DEDOS
os dedos indefesos
pousam no ombro
na plataforma omoplata
próximos da face
inclinada
sob a perspectiva do silencio
os dedos
sem os pulsos
e impulsos
não são nada
Carlos Roberto Gutierrez
foto Alex Howitt
pousam no ombro
na plataforma omoplata
próximos da face
inclinada
sob a perspectiva do silencio
os dedos
sem os pulsos
e impulsos
não são nada
Carlos Roberto Gutierrez
foto Alex Howitt
Olhos de Ressaca
Olhos de Ressaca
E na estreita calçada dos meus sentidos
desfila sua sintaxe enigmática
aos meus olhos de ressaca
Desordenado, breve ou tarde,
clareia com preto e branco
minhas cores zebradas
Sim, as cartas já foram postas
a mesa forrada em tom azulado
um réu a espera do outro a caminhar
pelos trilhos reluzentes do inimaginável.
Os flocos de neve entram leves como numa valsa
na chaminé voluptuosa sedenta por dizeres abrasivos
Uma efêmera pretensão de seus pensamentos descongelar.
Me faz companhia ao café fraco?
Enquanto isso podemos destilar emoções toleráveis
até que o cálice transborde ao relento
os medos vencidos
os estilhaços se juntam
dizendo um ao outro como frágeis são os limites,
um relicário
.
Os sonhos, acordada ainda os verei,
desfilando em minha calçada.
Desirée Gomes
E na estreita calçada dos meus sentidos
desfila sua sintaxe enigmática
aos meus olhos de ressaca
Desordenado, breve ou tarde,
clareia com preto e branco
minhas cores zebradas
Sim, as cartas já foram postas
a mesa forrada em tom azulado
um réu a espera do outro a caminhar
pelos trilhos reluzentes do inimaginável.
Os flocos de neve entram leves como numa valsa
na chaminé voluptuosa sedenta por dizeres abrasivos
Uma efêmera pretensão de seus pensamentos descongelar.
Me faz companhia ao café fraco?
Enquanto isso podemos destilar emoções toleráveis
até que o cálice transborde ao relento
os medos vencidos
os estilhaços se juntam
dizendo um ao outro como frágeis são os limites,
um relicário
.
Os sonhos, acordada ainda os verei,
desfilando em minha calçada.
Desirée Gomes
Todo Garoto
Todo garoto
tímido ou maroto
sonha em conquistar
a sua primeira namorada
e claro todo garoto
sonha a mais linda
com jeito de fada
e mistérios de bruxa
na realidade ainda esdrúxula
e pouco compreendida
Todo garoto
fica na fila fica na fita
não evita a atração
inédita de assistir um filme
dentro do cinema
de sonhar acordado
e procurar entre cenas e cenas
a sua partner
Todo garoto quer se sobressair
na turma na escola na lanchonete
na balada na ressaca das horas
Todo garoto imagina planeja
almeja a garota que o veja
de uma forma apaixonada
Todo garoto tenta de alguma forma
impressionar o seu primeiro amor
seja com versos olhares discretos
bombons e marzipãs
Todo o garoto no afã de agradar
é capaz de furtar uma maçã ou uma flor
ou juntas que lembrem um vestido colegial
e o olhar terno como o de Karen Carpenter
Todo garoto sonha...
muitas vezes demora encontrar
demora tanto que o garoto vai embora
mas o lenço da lembrança
o traz de volta...
Carlos Roberto Gutierrez
tímido ou maroto
sonha em conquistar
a sua primeira namorada
e claro todo garoto
sonha a mais linda
com jeito de fada
e mistérios de bruxa
na realidade ainda esdrúxula
e pouco compreendida
Todo garoto
fica na fila fica na fita
não evita a atração
inédita de assistir um filme
dentro do cinema
de sonhar acordado
e procurar entre cenas e cenas
a sua partner
Todo garoto quer se sobressair
na turma na escola na lanchonete
na balada na ressaca das horas
Todo garoto imagina planeja
almeja a garota que o veja
de uma forma apaixonada
Todo garoto tenta de alguma forma
impressionar o seu primeiro amor
seja com versos olhares discretos
bombons e marzipãs
Todo o garoto no afã de agradar
é capaz de furtar uma maçã ou uma flor
ou juntas que lembrem um vestido colegial
e o olhar terno como o de Karen Carpenter
Todo garoto sonha...
muitas vezes demora encontrar
demora tanto que o garoto vai embora
mas o lenço da lembrança
o traz de volta...
Carlos Roberto Gutierrez
segunda-feira, 9 de junho de 2014
domingo, 8 de junho de 2014
NO BISTRÔ
NO BISTRÔ
No bistrô
num ambiente retrô
elas estão tricotando
jogando conversa fora
mal pressentem
que eu estou ao lado
invisível
alimentando o meu lado fantasma
dividido entre as duas
tão lindas e inspiradoras
no bistrô
agora a tarde
e no pub ao anoitecer
Desirée e Juliany
todo o charme francês
que o meu olhar
se tornou freguês
pago em versos
e confesso
quando não posso vê-las
os meus olhos destilam
lágrimas perfumadas
em Chanel número 5
No bistrô
num ambiente retrô
elas estão tricotando
jogando conversa fora
mal pressentem
que eu estou ao lado
invisível
alimentando o meu lado fantasma
dividido entre as duas
tão lindas e inspiradoras
no bistrô
agora a tarde
e no pub ao anoitecer
Desirée e Juliany
todo o charme francês
que o meu olhar
se tornou freguês
pago em versos
e confesso
quando não posso vê-las
os meus olhos destilam
lágrimas perfumadas
em Chanel número 5
Carlos Roberto Gutierrez
sábado, 7 de junho de 2014
sexta-feira, 6 de junho de 2014
CAVERNA
ENTRE TAPUMES
E TIJOLOS COLORIDOS
UMA CAVEIRA HIBERNA
EM IMPROVISADA CAVERNA
ENQUANTO A GAROTA VESTIDA DE NEGRO MEDITA
EM CLAROS PENSAMENTOS
A PAISAGEM EXISTE E HESITA... —
JULIANY E A SUA LUZ
EM CONTRASTE COM O SEU LOOK
NADA QUE OFUSQUE
NEM O BREU E O BETUME
O LAMPEJO DE UM NOVO RUMO
Carlos Roberto Gutierrez
Juliany Pinheiro
poetic model
E TIJOLOS COLORIDOS
UMA CAVEIRA HIBERNA
EM IMPROVISADA CAVERNA
ENQUANTO A GAROTA VESTIDA DE NEGRO MEDITA
EM CLAROS PENSAMENTOS
A PAISAGEM EXISTE E HESITA... —
JULIANY E A SUA LUZ
EM CONTRASTE COM O SEU LOOK
NADA QUE OFUSQUE
NEM O BREU E O BETUME
O LAMPEJO DE UM NOVO RUMO
Carlos Roberto Gutierrez
Juliany Pinheiro
poetic model
Canção Adolescente
Canção Adolescente
Eu quis fazer uma canção adolescente
que não fosse aborrecente
que resolvesse todo o QUIZ
e todos os XIS dos problemas
e preservasse o lado inocente de viver
Não imaginava que fosse tão difícil
como encontrar a figurinha carimbada
do álbum ilustrado
ou solucionar o cubo mágico
Fazê-la sem sê-la tão conivente
a interesses tão mesquinhamente adultos
- malditos vultos - estraga-prazeres
Eu quis fazer uma canção adolescente
com a cara de fracasso de Charlie Brown
e as peripécias de Snoopy
e a elasticidade do estilingue
que só atinge o canto dos pássaros
e assim abafar os resmungos de Marcie
com doces colibris beijos
e extirpar os fungos com novas flores
e fazer o amor sobrepor o bolor do rancor
no vapor de uma réplica de locomotiva
emotiva a todos os trilhos
Eu quis trazer de volta
na revolta desses tempos duros e cruéis
a algazarra das matinés
quando assistia pela oitava vez consecutiva
os Reis do Iê-Iê-Iê
Eu quis lembrar todos os volteios
todos as opções
enquanto olhava os encaixes
do meu canivete de escoteiro
todos os ensaios
para tentar tocar os seus dedos
Eu quis ser natural como um banho de rio
como a água que jorra de uma cachoeira
Eu quis lhe surpreender como uma chuva de verão
tão natural qual o esvoaçar da crina de um cavalo
no resvalo do vento vâssalo
Eu quis girar o carrossel
e ser o corcel que você escolheu
para flutuar os seus sonhos
Eu quis fazer uma canção adolescente
despreocupada e inconsequente
sem justas causas e prováveis efeitos
apenas o encanto efêmero de uma brincadeira
Uma canção de acordes básicos
e doces melodias
Uma canção fácil que virasse o dia
seguisse a noite em sonho ou vígilia
e no assobio do banho matinal
que se integrasse ao cereal
ao espêsso mel e à mordida da maçã
atraente vermelha
que fosse absorvida por um sorriso
que trouxesse em um canto da boca
o lado erótico e sensual
e no outro canto o lado emotivo e de espanto
de quem se prepara para o primeiro beijo
Um som que pulasse como um grilo
e a tocasse como o bote fatal de uma serpente
Uma canção em que eu pudesse vê-la
no céu da minha imaginação
e gravá-la para sempre
no Junglebox do meu coração...
e a ficha se viciasse nessa canção
Eu quis fazer uma canção adolescente
que não fosse aborrecente
que resolvesse todo o QUIZ
e todos os XIS dos problemas
e preservasse o lado inocente de viver
Não imaginava que fosse tão difícil
como encontrar a figurinha carimbada
do álbum ilustrado
ou solucionar o cubo mágico
Fazê-la sem sê-la tão conivente
a interesses tão mesquinhamente adultos
- malditos vultos - estraga-prazeres
Eu quis fazer uma canção adolescente
com a cara de fracasso de Charlie Brown
e as peripécias de Snoopy
e a elasticidade do estilingue
que só atinge o canto dos pássaros
e assim abafar os resmungos de Marcie
com doces colibris beijos
e extirpar os fungos com novas flores
e fazer o amor sobrepor o bolor do rancor
no vapor de uma réplica de locomotiva
emotiva a todos os trilhos
Eu quis trazer de volta
na revolta desses tempos duros e cruéis
a algazarra das matinés
quando assistia pela oitava vez consecutiva
os Reis do Iê-Iê-Iê
Eu quis lembrar todos os volteios
todos as opções
enquanto olhava os encaixes
do meu canivete de escoteiro
todos os ensaios
para tentar tocar os seus dedos
Eu quis ser natural como um banho de rio
como a água que jorra de uma cachoeira
Eu quis lhe surpreender como uma chuva de verão
tão natural qual o esvoaçar da crina de um cavalo
no resvalo do vento vâssalo
Eu quis girar o carrossel
e ser o corcel que você escolheu
para flutuar os seus sonhos
Eu quis fazer uma canção adolescente
despreocupada e inconsequente
sem justas causas e prováveis efeitos
apenas o encanto efêmero de uma brincadeira
Uma canção de acordes básicos
e doces melodias
Uma canção fácil que virasse o dia
seguisse a noite em sonho ou vígilia
e no assobio do banho matinal
que se integrasse ao cereal
ao espêsso mel e à mordida da maçã
atraente vermelha
que fosse absorvida por um sorriso
que trouxesse em um canto da boca
o lado erótico e sensual
e no outro canto o lado emotivo e de espanto
de quem se prepara para o primeiro beijo
Um som que pulasse como um grilo
e a tocasse como o bote fatal de uma serpente
Uma canção em que eu pudesse vê-la
no céu da minha imaginação
e gravá-la para sempre
no Junglebox do meu coração...
e a ficha se viciasse nessa canção
Carlos Roberto Gutierrez
Tarde Intensa
Tarde Intensa
Tarde psicodélica...
conversas, amiga, risos, conceito ou anti-conceito
Aroma de café no quarto,
Smiths cantando no mais alto volume
medos e arrependimento leve
Unhas vermelhas, desenhos e roupas novas
Planos, fotos e livros
Cabelo novo, mais camaleônica impossível!
Cinema, óculos e chopp
cigarros e um sabor doce forte na boca, de querer tudo novamente
Banho quente e roupas sonolentas
E ainda peço mais
e mais e
mais...
te ver ainda hoje.
Um arremate dourado no dia prateado e reluzente.
Te mando beijos, brandos ou efusivos, beijos apenas, meu amor
Desirée Gomes
Tarde psicodélica...
conversas, amiga, risos, conceito ou anti-conceito
Aroma de café no quarto,
Smiths cantando no mais alto volume
medos e arrependimento leve
Unhas vermelhas, desenhos e roupas novas
Planos, fotos e livros
Cabelo novo, mais camaleônica impossível!
Cinema, óculos e chopp
cigarros e um sabor doce forte na boca, de querer tudo novamente
Banho quente e roupas sonolentas
E ainda peço mais
e mais e
mais...
te ver ainda hoje.
Um arremate dourado no dia prateado e reluzente.
Te mando beijos, brandos ou efusivos, beijos apenas, meu amor
Desirée Gomes
quinta-feira, 5 de junho de 2014
ATMOSPHERE
atmosphere
All this waiting
The cage and the beast
covered by dense smoke
thin and cold drizzle
that wanton
hair and thoughts
The uniform light
Projector Films
the old cinema
the rustle of glossy paper
covering drops
replacing the words
and down errant
in our mouths
and canyons
the kiss in capsules
tablets wishes
within goodies
our joined hands
excessive sweating
so rewarding to be with you
in matinee
or soiré
stayed in the pitch dark
in silence
and yet both confessed
each other
you are my mirror
I am your reflection
and otherwise
conversation within the silence
The atmosphere of love
that thrives
in every sphere of our dreams!
Carlos Roberto Gutierrez
All this waiting
The cage and the beast
covered by dense smoke
thin and cold drizzle
that wanton
hair and thoughts
The uniform light
Projector Films
the old cinema
the rustle of glossy paper
covering drops
replacing the words
and down errant
in our mouths
and canyons
the kiss in capsules
tablets wishes
within goodies
our joined hands
excessive sweating
so rewarding to be with you
in matinee
or soiré
stayed in the pitch dark
in silence
and yet both confessed
each other
you are my mirror
I am your reflection
and otherwise
conversation within the silence
The atmosphere of love
that thrives
in every sphere of our dreams!
Carlos Roberto Gutierrez
O AMOR É PAR
O AMOR É PAR
Rapidamente desenho a giz
a superfície da vida em quadrinhos
A renúncia intuída de um beijo estréia a rebeldia
e num tropeço o chapéu ao chão indaga as respostas
Surdamente decola a usada Bossa Nova, chave a delicadeza
molhando os ouvidos de ausência frequentada
e versos demitidos
Rapidamente faço ecoar a vitrola
um mundo real, empoeirado pelos furacões temperos
Abro a caixa de memórias, nem grande nem pequena
as arestas das lembranças suavizadas por aromas contemplados
espio como se o passado fosse só nosso.
Rapidamente falo
e o sabor da conversa se localiza na grafia
freneticamente barganho o silêncio alto
Piano sórdido, vozes e janelas
as emoções correm não sei para onde
sob o viaduto sintetizado constrói a ameaça, um pouco sentimental
Devagar fito e meço
ângulos oblíquos extremos dessa longitude
sem mistério e fatídico
o amor é par!
Desirée Gomes
ROSA CHOQUE
Vou ficar até o fim da noite
e quem sabe a madrugada
não importa o frio
neve e geada
decorando o seu jardim
cada pétala tatuada em seu corpo
e em seu vestido rosa
mais poesia do que prosa
Vou ficar a noite inteira
com a sua imagem congelada
e sentir todo o perfume
que ela evapora
como um elixir
capaz de atrair qualquer colibri
aromatizando toda a paisagem
Vou ficar até o fim da noite
e no avanço da madrugada
como um espinho insistente
que fere adere na pele
mas não se ressente
porque sabe que ferir
mesmo sem querer
faz parte da sua natureza
Ah esse vestido rosa
é o sangue do desejo
depurado em amor
Carlos Roberto Gutierrez
poetic model
Juliany Pinheiro
e quem sabe a madrugada
não importa o frio
neve e geada
decorando o seu jardim
cada pétala tatuada em seu corpo
e em seu vestido rosa
mais poesia do que prosa
Vou ficar a noite inteira
com a sua imagem congelada
e sentir todo o perfume
que ela evapora
como um elixir
capaz de atrair qualquer colibri
aromatizando toda a paisagem
Vou ficar até o fim da noite
e no avanço da madrugada
como um espinho insistente
que fere adere na pele
mas não se ressente
porque sabe que ferir
mesmo sem querer
faz parte da sua natureza
Ah esse vestido rosa
é o sangue do desejo
depurado em amor
Carlos Roberto Gutierrez
poetic model
Juliany Pinheiro
KAFKA
foto de Revista CULT.
o melhor escritor de todos os tempos
Metamorfose contemporânea
90 anos após a morte de Franz Kafka suas obras transcendem o século passado e permanecem atuais
http://goo.gl/kdrTdm
90 anos após a morte de Franz Kafka suas obras transcendem o século passado e permanecem atuais
http://goo.gl/kdrTdm
90 anos da morte de Franz Kafka.
A grande metamorfose de Kafka aconteceu em 3 de junho de 1924 quando, depois de muito sofrimento causado pela Tuberculose, ele finalmente descansou. Robert Klopstock, seu grande amigo, acompanhou os últimos dias do escritor, como mostra o trecho do livro "Kafka" da série Biografias L&PM. Leia lá no blog: http://bit.ly/1rHbecU
A grande metamorfose de Kafka aconteceu em 3 de junho de 1924 quando, depois de muito sofrimento causado pela Tuberculose, ele finalmente descansou. Robert Klopstock, seu grande amigo, acompanhou os últimos dias do escritor, como mostra o trecho do livro "Kafka" da série Biografias L&PM. Leia lá no blog: http://bit.ly/1rHbecU
VARAL
VARAL
VESTIDOS ANÁGUAS E REGATAS
SE ACOMODAM E SE ENTRELAÇAM
SOBRE O FRÁGIL VARAL
QUE COBRE O OLHO DE PEDRA BEIRAL
DA FACE PÉTREA E CORROÍDA
DE UMA PAREDE AINDA COM SEDE
DE REFLETIR O TEMPO
HÁ UMA REGATA VERDE LIMÃO
FOSFORESCENTE QUE RESGATA
A FRUTA ÁCIDA MERGULHADA NO RUM...
EM OUTRA ÉPOCA EU TINHA APENAS UM JEANS
CONHECIA CADA REBITE
CUIDAVA COM ZELO CADA SELO DE COURO OU TECIDO
CONHECIA CADA TRAMA DA COSTURA AMARELA
E SOBRE O JEANS A CAMISETA COM UM RETRATO DE CHE GUEVARA
HÁ TANTAS ROUPAS SOBRE O VARAL
QUE ELE CONVERGE
A SEDA CONCEDE UM BEIJO NO RÚSTICO ALGODÃO
A LINGERIE NÃO LIGA E SE ESFREGA AO QUE FOI UMA CALÇA LEE
AS ROUPAS ESPERAM SECAR E COBREM A JANELA
ENQUANTO ATRÁS DELA ALGUÉM AS VÊ FLUTUAR
AO SABOR DOS VENTOS
Carlos Roberto Gutierrez
para não perder a foto
para preservar a imagem poética
para lembrar que Havana ainda existe
e Cuba resiste
e que ainda há um elo mesmo enferrujado
atrelado aos Anos Dourados
é que ainda alguém possa ser belo
mesmo com uma muda de roupas
e um "puro" apagado na boca...
um Simca Chambord ainda finca
o seu rabo de peixe no fraturado asfalto...
(foto: Nelson de Souza, feita em Havana - Cuba)
VESTIDOS ANÁGUAS E REGATAS
SE ACOMODAM E SE ENTRELAÇAM
SOBRE O FRÁGIL VARAL
QUE COBRE O OLHO DE PEDRA BEIRAL
DA FACE PÉTREA E CORROÍDA
DE UMA PAREDE AINDA COM SEDE
DE REFLETIR O TEMPO
HÁ UMA REGATA VERDE LIMÃO
FOSFORESCENTE QUE RESGATA
A FRUTA ÁCIDA MERGULHADA NO RUM...
EM OUTRA ÉPOCA EU TINHA APENAS UM JEANS
CONHECIA CADA REBITE
CUIDAVA COM ZELO CADA SELO DE COURO OU TECIDO
CONHECIA CADA TRAMA DA COSTURA AMARELA
E SOBRE O JEANS A CAMISETA COM UM RETRATO DE CHE GUEVARA
HÁ TANTAS ROUPAS SOBRE O VARAL
QUE ELE CONVERGE
A SEDA CONCEDE UM BEIJO NO RÚSTICO ALGODÃO
A LINGERIE NÃO LIGA E SE ESFREGA AO QUE FOI UMA CALÇA LEE
AS ROUPAS ESPERAM SECAR E COBREM A JANELA
ENQUANTO ATRÁS DELA ALGUÉM AS VÊ FLUTUAR
AO SABOR DOS VENTOS
Carlos Roberto Gutierrez
para não perder a foto
para preservar a imagem poética
para lembrar que Havana ainda existe
e Cuba resiste
e que ainda há um elo mesmo enferrujado
atrelado aos Anos Dourados
é que ainda alguém possa ser belo
mesmo com uma muda de roupas
e um "puro" apagado na boca...
um Simca Chambord ainda finca
o seu rabo de peixe no fraturado asfalto...
(foto: Nelson de Souza, feita em Havana - Cuba)
domingo, 1 de junho de 2014
Quando a Noite Vem Caindo do Céu
A poesia de Bob Dylan
Quando a Noite Vem Caindo do Céu
Olhe lá fora nos campos, me veja retornando
Há fumaça no seu olho, você abre um sorriso
Da lareira, onde minhas cartas para você estão queimando
Você teve tempo para pensar nisso um pouco
Bem, eu andei 200 milhas, agora olhe para mim
É o fim da caçada, e a lua está alta no céu
Não faz diferença quem conhece quem
Se você vai me amar ou se eu vou te amar
Quando a noite vier caindo do céu
Eu posso ver através de suas paredes e sei que você está sofrendo
A tristeza lhe cobre como uma capa
Só ontem eu soube que você esteve flertando
Com o desastre do qual você escapou
Eu não posso arranjar para você respostas fáceis
Quem é você para que eu tenha que lhe mentir?
Você vai saber tudo a respeito, amor
Todo vai se encaixar como uma luva
Quando a noite vier caindo do céu
Eu posso ouvir seu coração trêmulo pulsando como um rio
Você devia estar protegendo alguém da última vez que eu liguei
Eu nunca lhe pedi nada que você não pudesse conseguir
Eu nunca lhe pedi para se preparar para uma queda
Eu vi milhares que poderiam ter vencido a escuridão
Pelo amor ao vil metal, eu os vi morrendo
Fique por aqui, baby, nós ainda não terminamos
Não me procure, eu lhe verei
Quando a noite vier caindo do céu
Nas suas lágrimas, eu posso ver meu próprio reflexo
Foi na fronteira norte do Texas onde eu cruzei a linha
Eu não quero ser um tolo faminto de afeição
Eu não quero me afogar no vinho de outra pessoa
Por toda a eternidade eu acho que vou me lembrar
Do vento gelado que está uivando nos seus olhos
Você vai me procurar e vai me encontrar
No deserto da sua mente
Quando a noite vier caindo do céu
Bem, eu lhe mandei meus sentimentos numa carta
Mas você estava se arriscando por apoio
A esta hora amanhã eu lhe conhecerei melhor
Quando minha memória não será tão curta
Desta vez eu estou pedindo liberdade
Liberdade de um mundo que você nega
Você me dará esta liberdade agora
E eu a pegarei de qualquer forma
Quando a noite vier caindo do céu.
Bob Dylan
Quando a Noite Vem Caindo do Céu
Olhe lá fora nos campos, me veja retornando
Há fumaça no seu olho, você abre um sorriso
Da lareira, onde minhas cartas para você estão queimando
Você teve tempo para pensar nisso um pouco
Bem, eu andei 200 milhas, agora olhe para mim
É o fim da caçada, e a lua está alta no céu
Não faz diferença quem conhece quem
Se você vai me amar ou se eu vou te amar
Quando a noite vier caindo do céu
Eu posso ver através de suas paredes e sei que você está sofrendo
A tristeza lhe cobre como uma capa
Só ontem eu soube que você esteve flertando
Com o desastre do qual você escapou
Eu não posso arranjar para você respostas fáceis
Quem é você para que eu tenha que lhe mentir?
Você vai saber tudo a respeito, amor
Todo vai se encaixar como uma luva
Quando a noite vier caindo do céu
Eu posso ouvir seu coração trêmulo pulsando como um rio
Você devia estar protegendo alguém da última vez que eu liguei
Eu nunca lhe pedi nada que você não pudesse conseguir
Eu nunca lhe pedi para se preparar para uma queda
Eu vi milhares que poderiam ter vencido a escuridão
Pelo amor ao vil metal, eu os vi morrendo
Fique por aqui, baby, nós ainda não terminamos
Não me procure, eu lhe verei
Quando a noite vier caindo do céu
Nas suas lágrimas, eu posso ver meu próprio reflexo
Foi na fronteira norte do Texas onde eu cruzei a linha
Eu não quero ser um tolo faminto de afeição
Eu não quero me afogar no vinho de outra pessoa
Por toda a eternidade eu acho que vou me lembrar
Do vento gelado que está uivando nos seus olhos
Você vai me procurar e vai me encontrar
No deserto da sua mente
Quando a noite vier caindo do céu
Bem, eu lhe mandei meus sentimentos numa carta
Mas você estava se arriscando por apoio
A esta hora amanhã eu lhe conhecerei melhor
Quando minha memória não será tão curta
Desta vez eu estou pedindo liberdade
Liberdade de um mundo que você nega
Você me dará esta liberdade agora
E eu a pegarei de qualquer forma
Quando a noite vier caindo do céu.
Bob Dylan
Mais Um Dia
Manhã florida!
Céu azul!
cintilante como os olhos de Newman.
O sol flutua levemente,
esquentando os movimentos
daqueles que iniciam mais um dia de trabalho.
Um porta retrato,
ostentando imagem de um certo algúem
em preto e branco,
refletindo nostalgia e poesia.
Os pássaros brincam na janela ,
disputando espaço
com flores que exalam o mais doce perfume.
O despertar
café fresco
conversas de vizinhas
rotina iniciada.
Deixa pintar o dia,
o sol mansamente se esconder
e a noite...essa sim será maravilhosa!
Céu azul!
cintilante como os olhos de Newman.
O sol flutua levemente,
esquentando os movimentos
daqueles que iniciam mais um dia de trabalho.
Um porta retrato,
ostentando imagem de um certo algúem
em preto e branco,
refletindo nostalgia e poesia.
Os pássaros brincam na janela ,
disputando espaço
com flores que exalam o mais doce perfume.
O despertar
café fresco
conversas de vizinhas
rotina iniciada.
Deixa pintar o dia,
o sol mansamente se esconder
e a noite...essa sim será maravilhosa!
Desirée Gomes
Noite Estrelada
Uma Noite Estrelada
sobre o seu vestido
olhares pontiagudos
aguçam os meus sentidos
um campo de girassóis
douram a paisagem noturna
enquanto eu decifro
a sua face
na pose oportuna
não diga nada
tire as palavras
da minha boca
ou da minha pena
mergulhada no tinteiro
fugindo da solidão
mata borrão
Uma Noite Estrelada
sobre o seu vestido
não pode passar em branco
e jamais ser esquecida
comenta com todos os cometas
sobre um meteoro olhar
intruso em seu planeta
um cometa em forma de girassol
fugindo de um incêndio
Carlos Roberto Gutierrez
poetic model
Juliany Pinheiro
sobre o seu vestido
olhares pontiagudos
aguçam os meus sentidos
um campo de girassóis
douram a paisagem noturna
enquanto eu decifro
a sua face
na pose oportuna
não diga nada
tire as palavras
da minha boca
ou da minha pena
mergulhada no tinteiro
fugindo da solidão
mata borrão
Uma Noite Estrelada
sobre o seu vestido
não pode passar em branco
e jamais ser esquecida
comenta com todos os cometas
sobre um meteoro olhar
intruso em seu planeta
um cometa em forma de girassol
fugindo de um incêndio
Carlos Roberto Gutierrez
poetic model
Juliany Pinheiro
Dois cortados e a conta
Para ler ao som de “One more cup of coffee”, de Bob Dylan
Por Paula Taitelbaum*
A garota moída de véspera aguarda mais um grão de amor expresso. O professor amargo tenta manter-se acordado sobre o jornal pingado na penumbra de um canto. A garçonete passada queima seu dedo na lágrima fervente da máquina estilo locomotiva à vapor. A senhora fraca deixa um pouco do seu batom na xícara branca de louça barata.
A secretária doce percebe o resto de ai que cai de uma boca espumante. O executivo frio sente o líquido escuro escorrendo por suas veias abertas. A vendedora vazia oferece seu corpo de bandeja enquanto derrama um tanto de suas lamentações. O ator aguado sente a fumaça entrar por suas narinas até experimentar a última gota de fala decorada.
O aposentado leitoso faz tremer o pires gasto que um dia foi do gato. A estudante descafeinada levanta a mão num pedido mirrado e distante. O homem aromatizado finge não prestar atenção na mulher que lambe o dedo lambuzado de chantilly. O poeta denso ignora dois dedos de prosa e rabisca versos imaginários num guardanapo estampado de rodelas marrons.
A moça extra-forte adoça o olhar mexendo suas ideias em movimentos circulares. O desempregado duplo deixa escorrer o resto da auto-estima goela abaixo. A amiga pela metade pensa que as relações não passam de uma meia-taça. A viúva pura assopra suas lembranças para sorvê-las em um grande gole.
O garçom torrado abraça a vassoura por trás do balcão descascado. A filha embebida em restrições pede à mãe uma porção de sonhos frescos. A adolescente encorpada aperta as coxas quentes querendo servir um sanduíche de si mesma. O músico solúvel em críticas esconde as olheiras por trás dos óculos de lentes mal dormidas.
O casal morno alimenta-se de silêncio mastigando um pão adormecido. A esposa granulada acaricia a baguette num requentado pedido de perdão. A velha triturada estende a mão suplicando uma migalha de atenção. A virgem amanteigada deixa sua calda escorrer sem que ninguém perceba onde ela vai parar.
O desquitado italiano hesita antes de pedir um bem-casado. O turista orgânico sorve um sabor estranho enquanto tenta entender a língua que o cerca. A amante cremosa procura o bilhete da sorte entre os restos da mesa ao lado. O garoto cigano de cabelos encaracolados e brinco de ouro lê a sorte na borra decantada antes de partir para o vale lá embaixo.
É uma manhã como outra qualquer no Dylan’s Café
Por Paula Taitelbaum*
A garota moída de véspera aguarda mais um grão de amor expresso. O professor amargo tenta manter-se acordado sobre o jornal pingado na penumbra de um canto. A garçonete passada queima seu dedo na lágrima fervente da máquina estilo locomotiva à vapor. A senhora fraca deixa um pouco do seu batom na xícara branca de louça barata.
A secretária doce percebe o resto de ai que cai de uma boca espumante. O executivo frio sente o líquido escuro escorrendo por suas veias abertas. A vendedora vazia oferece seu corpo de bandeja enquanto derrama um tanto de suas lamentações. O ator aguado sente a fumaça entrar por suas narinas até experimentar a última gota de fala decorada.
O aposentado leitoso faz tremer o pires gasto que um dia foi do gato. A estudante descafeinada levanta a mão num pedido mirrado e distante. O homem aromatizado finge não prestar atenção na mulher que lambe o dedo lambuzado de chantilly. O poeta denso ignora dois dedos de prosa e rabisca versos imaginários num guardanapo estampado de rodelas marrons.
A moça extra-forte adoça o olhar mexendo suas ideias em movimentos circulares. O desempregado duplo deixa escorrer o resto da auto-estima goela abaixo. A amiga pela metade pensa que as relações não passam de uma meia-taça. A viúva pura assopra suas lembranças para sorvê-las em um grande gole.
O garçom torrado abraça a vassoura por trás do balcão descascado. A filha embebida em restrições pede à mãe uma porção de sonhos frescos. A adolescente encorpada aperta as coxas quentes querendo servir um sanduíche de si mesma. O músico solúvel em críticas esconde as olheiras por trás dos óculos de lentes mal dormidas.
O casal morno alimenta-se de silêncio mastigando um pão adormecido. A esposa granulada acaricia a baguette num requentado pedido de perdão. A velha triturada estende a mão suplicando uma migalha de atenção. A virgem amanteigada deixa sua calda escorrer sem que ninguém perceba onde ela vai parar.
O desquitado italiano hesita antes de pedir um bem-casado. O turista orgânico sorve um sabor estranho enquanto tenta entender a língua que o cerca. A amante cremosa procura o bilhete da sorte entre os restos da mesa ao lado. O garoto cigano de cabelos encaracolados e brinco de ouro lê a sorte na borra decantada antes de partir para o vale lá embaixo.
É uma manhã como outra qualquer no Dylan’s Café
ENROSCA
enrosca o seu cadarço junto ao meu
e vamos prá algum lugar agora
cê sabe muito bem que é muito mais legal
aventurar-se pela estrada afora
do que uma viagem programada
com a tirania de horários
e outras e outros "malas"
enrosca o seu cadarço junto ao meu
e relaxa os seus pés os dedos
sem medo dos obstáculos
cê sabe muito bem que é muito mais legal
um cinema do que uma escola
assistir o que gostamos
palpitando cenas e finais
do que decorarmos aquelas fórmulas infernais
enrosca o seu cadarço junto ao meu agora
sinta das raízes dos seus cabelos
até as plantas dos seus pés
o quanto de carinho eu lhe dedico
o quanto cê me "amarra"
e vamos prá algum lugar agora
cê sabe muito bem que é muito mais legal
aventurar-se pela estrada afora
do que uma viagem programada
com a tirania de horários
e outras e outros "malas"
enrosca o seu cadarço junto ao meu
e relaxa os seus pés os dedos
sem medo dos obstáculos
cê sabe muito bem que é muito mais legal
um cinema do que uma escola
assistir o que gostamos
palpitando cenas e finais
do que decorarmos aquelas fórmulas infernais
enrosca o seu cadarço junto ao meu agora
sinta das raízes dos seus cabelos
até as plantas dos seus pés
o quanto de carinho eu lhe dedico
o quanto cê me "amarra"
Carlos Roberto Gutierrez
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