POESÓ

TUDO PODE VIRAR PÓ
OU
POEMA





















sexta-feira, 16 de maio de 2014

MAKING OFF

Olhos vidrados de namoro
todo desaforo
que um ser afoito em lhe amar
consegue externar
contra todo o tempo e lugar
que possa conspirar
Olhos espavoridos
sobre os embaçados vidros
das suas arejadas
desejadas janelas simultâneas
olhos vidrados de namoro
será que sempre a sua lembrança
será o meu consolo?
Ah! se você estivesse na próxima esquina
na convergência de alamedas floridas
mergulhando os seus pés nas pétalas lilases
caídas de um poético ipê-roxo
Ah! se você percebesse ao longe
os meus olhos vidrados de namoro
Você me esperaria por desaforo
prá inverter e subverter
todas as dificuldades
que enfrentamos para um simples encontro
Eu estaria pronto mesmo despreparado
bobo e perplexo
surpreendido e duvidando até dos meus olhos
vidrados de namoro
faria a decupagem de todos os elementos
dessa noturna odisséia
mágica e vital noite
a dissolução da luz opaca da lua
junto com a luz violácea de néon
de um anúncio qualquer
de um out-dor fugaz e sem importância
incapaz de distrair
os meus olhos vidrados de namoro
Eu quero que você venha
de alguma maneira
Vem de surpresa
vira a mesa
muda o canal
muda o final desse filme
enquanto estou nos preparativos
juntando o acervo de carinhos
Meus olhos vidrados de namoro
são apenas aperitivos
do porre de uma paixão
Quanto tempo dura o amor
mais bem mais que o ardor
da água velva borrifada
na selva da pele do rosto cansado
petrificado
como se fosse um soldado
um pracinha da FEB
com lembranças cruéis da guerra
da tomada do Monte Castelo
19 graus abaixo de zero
centenas de minas camufladas
espalhadas por todos os caminhos gélidos
Preciso lhe encontrar
lhe provar em todos os instantes
que eu lhe amo...
veja os meus olhos vidrados de namoro

Carlos Roberto Gutierrez
 
 

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